Antes de mais nada, gostaria de explicar esse post. Estava vasculhando as coisas do veliko por aqui e vi que o Ramiro escreveu dois textos muito interessantes que não chegaram a ser publicados enquanto o mesmo ainda estava vivo (ê, brincadeirinha, ele só foi demitido). Portanto, começarei com esse excelente relato do nosso cotidiano amazônico, depois postarei uma resenha do Syd Barrett "Madcap Laughs".
Eu, paraense, venho hoje com um texto de cunho regionalista. Não falarei, contudo, das belezas naturais da Amazônia, da linda biodiversidade que encontramos por aqui, ou de como é legal dançar carimbó, embora estes assuntos realmente mereçam ser tocados. Como você deve ter deduzido pelo título, falarei sobre as comidas típicas do Pará. O texto que você vai ler, não tem a pretensão de ser um guia completo sobre comidas do Pará. É só o relato informal de um caboquinho empolgado, que toma tacacá até ficar empachado.
Começo, então, pelo meu preferido: o açaí. Você pode estar pensando neste exato momento: “Mas eu tomo açaí aqui onde eu moro”. É verdade, o açaí não é uma iguaria exclusiva do Pará. No entanto, eu não acredito que você possa achar um açaí tão gostoso, e tão rico nutricionalmente como o que nós tomamos por aqui. O açaí é uma frutinha bem pequena extraída do açaizeiro, e já se tornou um dos símbolos do Pará por sua alta degustação aqui. Depois que você o colhe, pode lhe despolpar e pronto. Pode pôr tapioca, pôr farinha d’água, pôr açúcar ou não pôr nada. Toma e bebe como um suco. O açaí é muito mais do que um fruto. Como diria Nilson Chaves, é sabor marajoara.
Além do açaí, que se pode tomar com camarão, com charque, enfim, como acompanhamento para qualquer refeição, tem o tacacá. O tacacá é, me arrisco no julgamento, uma das mais deliciosas comidas típicas do mundo. É nada mais do que uma mistura de tucupi (mais adiante falaremos de como é bom tomar com pato), jambo, goma de mandioca, e camarão. A iguaria, tomada numa cuia de madeira, é de um sabor único, que te deixa nos céus e depois te dá um choque nos beiços. Como qualquer coisa realmente boa, contudo, você tem que aprender a ver a beleza do sabor, e aprender a degustar como um paraense que assume suas origens indígenas (ou não). Temo que, para fazer isso, só sendo paraense, apaixonado por culinária paraense, ou especialista em gastronomia e sabores exóticos.
Tem ainda a maniçoba. A maniçoba é um prato de origens, novamente, indígenas. Mistura carne de porco, carne de boi, mandioca, arroz e pimenta à gosto. Se você é iniciante em culinária paraense, é melhor nem olhar pra esse prato ainda. Apesar de ser gostoso, ele passa má impressão pra quem não o conhece (Você já pensou em como um gringo reagiria ao ver uma feijoada?).
Não podemos esquecer do caruru e do vatapá paraenses, ambos de origens “baianísticas” e adaptados ao paladar dos cabôcos. Apesar da semelhança entre os dois pratos (quando eu era pequeno, confundia os dois), que se misturam com camarão e arroz, o bom apreciador saberá distinguir um do outro. O caruru leva jambo, camarão, quiabo, tomate, cebola, e pimentão em sua receita. O vatapá é feito de leite de coco, trigo, azeite de dendê, cheiro verde e até alho!
Agora, aproveitando a levada do Círio de Nazaré, um dos mais importantes eventos católicos do mundo, falarei sobre o pato no tucupi. Para quem não sabe, a iguaria é, tradicionalmente, muito consumida nesse período do ano por aqui. No segundo domingo de Outubro, a família paraense se reúne para comemorar o evento, e adivinha o que tem por lá? Além de muito açaí, tacacá, vatapá, caruru e maniçoba, tem o bendito do pato no tucupi. Se ainda não ficou muito claro ainda, o tucupi é um molho de cor amarelada extraído da mandioca. O pato é assado, banhado no tucupi, e finalmente devorado em sacrifício do evento.
É isso aí, o recado está dado. Se você não é paraense, e tiver oportunidade de experimentar uma de nossas iguarias, não a desperdice. Tenho certeza de que será uma bela experiência, e de que vai lhe acrescentar mais cultura e conhecimento gastronômico. Se você é paraense, recomendo que veja a foto abaixo e corra à tia do tacacá mais próxima!
Ok, vamos por partes.
ResponderExcluirNo post original, havia a foto de um tacacá bem no final, o que explica a última frase "...recomendo que veja a foto abaixo e corra à tia do tacacá mais próxima!"
Tá, agora o texto foi publicado. Me desculpe, Pratagy, mas foi desrespeitoso que publicasses um texto meu e nem me avisasses. Vou pedir aqui que não publiques o segundo, em razão da baixa qualidade e das informações erradas contidas no mesmo. Justamente o que me levou a não postar.
Anyway, agradeço o adjetivo "interessante" para qualificar as duas resenhas. Mas eu escrevi-as, e realmente gostaria que a próxima não fosse publicada. Estamos entendidos então, amigão?
...não liga pro Ramiro não, pode meter bala e publicar.
ResponderExcluirE outra coisa, cuia vem do cuieiro. Não é de madeira. vale ressaltar que é mais uma iguaria paraense.
Futuro punk
Bem, vamos por partes²
ResponderExcluir1 - Açaí: Tomo, mas não gosto muito não.
2 - Tacacá: Adoro.
3 - Maniçoba: Não gosto.
4 - Vatapá: Amo, de paixão. Minha comida favorita.
5 - Caruru: Odeio.
6 - Pato no tucupí: É nois mano ;D
Belo post. E ao contrário do Ramiro, gostaria de ver a publicação do segundo texto. Parabéns!
Muito bom. Veliko cada vez melhor.
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