quinta-feira, 31 de março de 2011

"Vamos à guerra?" Por Anônimo

X - Mais uma guerra começou. Onde isso vai parar?

Y - E quando deixou de acontecer? Houve algum tempo sem guerra?

X - Por que guerreamos?

Y - Meu chapa você tem que ver a guerra com outros olhos.

X - Como assim?

Y - Veja os benefícios da guerra: ela movimenta a economia mundial, contribui para o controle populacional e nos ajuda a querer a paz . Ou seja, gera empregos, tributos, notícias e a garante a vida dos políticos.

X - Esse seu pensamento é distorcido, pois esconde o fato de a guerra gerar dor, intolerâncias, fome e miséria.

Y - Por sua vez, você negligencia o fato de as guerras também serem feitas em nome de Deus, de qualquer "deus". Portanto, são santas mesmo que envoltas em sangue.

X - Quer dizer que a paz é a guerra com disfarce?

Y - Não sei. O que sei é que a guerra pode ser declarada com mentiras, sem disfarce.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Pink Floyd "Dark Side Of The Moon"

Um grito desesperado, pronto para sair, diz Waters sobre a obra-prima do Pink Floyd, "Dark Side Of The Moon". De fato, é um grito e tanto. Dentre diversos outros gritos que foram lançados ao ar na época, por que, esse, em específico, se tornou objeto de obsessão por milhões de pessoas mundo afora? Talvez por ter um single de sucesso jogado no meio do álbum, que ecoa até hoje nas rádios? Uma capa misteriosa e instigante? Um solo vocal feminino extasiante? Tudo isso e um pouco mais.

Não vou tentar resenhá-lo, não. Dark Side está um patamar acima de qualquer crítica. Está no hall da eternidade, o tipo de coisa que a humanidade guardará para sempre, como alguma obra do Shakeaspare, Kafka, Orwell, ou algo que o valha. É de uma sincronia assustadora com a vida moderna, com você. Impossível não ouvir os versos escritos pelo baixista Roger Waters e não se identificar. Confesso que sem esse álbum não me interessaria por metade do que me interesso hoje, como socialismo, filosofia e tudo mais. Dark Side é um impulso, só precisa ser levado a sério e assimilado com bons ouvidos.

Liricismo simples, de significado absurdo, combinado a música popular, levada ao extremo da sofisticação. Elementos de jazz, erudito, rock'n'roll, blues, está tudo lá. Não é sobre preencher, é sobre deixar o vazio. O som tem pausas, te deixa respirar, volta, te esmaga, põe um saxofone ali, backing vocals femininos aqui. Eu poderia ficar linhas, parágrafos, posts e posts falando sobre como a guitarra do Gilmour é simples, entra e sai suavemente, sobre a progressão de acordes de Great Gig in The Sky, do solo de saxofone de Us And Them.

Mas vamos fazer assim, ouça. Se você já conhece, ouça de novo, se não: ouça, e o quanto antes. Mas com fones de ouvido, no mínimo. Não preciso falar mais nada por aqui, apenas leia esse blog: ele respira e transpira Dark Side Of The Moon. Se querem saber mesmo, e eu posso parecer um louco ou algo do tipo, mas minha vida é regada a Dark Side of the Moon. O que penso, o que sinto, nasceu ali, naquele "CD do prisma". O resto, veio com o tempo, e ainda vem mais, com certeza. Passaram-se trinta e oito anos, mas eu até podia te jurar que foi ontem.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Mais um pouco de revolta, mas só um pouco

Antes de qualquer coisa, queria dizer que não sou nenhum estudante aplicado de sociologia ou algo que o valha, não quero fazer conclusões precipitadas, nem tenho a pretensão. Só falo mesmo do que penso, e não venham me dizer coisas imbecis depois, a não ser que eu esteja sendo imbecil demais nas minhas linhas a seguir. Está claro? Vamos lá então.

Como vocês já devem ter percebido, sou um sujeito meio revoltado com as coisas e que aspira por uma mudança, mas que não sabe como fazer isso. Ok, como eu, devem existir milhares, milhões de adolescentes, que procuram meios de chegar ao seu paraíso imaginado,  jovens estudantes que imaginam um futuro de igualdade, um mundo melhor e todo a falácia socialista do seu professor de sociologia do ensino médio. Mas infelizmente, dando uma leve olhada nos movimentos estudantis que existiram no mundo na década de sessenta, cheguei a conclusão de que hoje em dia os tempos estão mudados. Óbvio, mas calma. Mudados não no sentido negativo. Na verdade a tendência é a qualidade de vida da população geral do mundo aumentar. Mas enquanto as pessoas tem carros melhores, casas maiores e piscinas com trampolim no quintal, mais quietas elas ficam no seu canto. No fim das contas, a gente só precisa correr atrás do prêmio, mesmo!

Não tem pelo o que lutar, não tem o que falar. Qualquer grito que você der, não será tão escandaloso quanto já foi há cinquenta anos.  Hoje em dia a sociedade está aberta a tudo e todos, as diferentes ideologias e culturas mundo a fora (não digo todas, mas grande parte) estão misturadas num mesmo caldeirão. Não tenho como imaginar hoje uma revolução sexual como a criação da minissaia por Mary Quant, nos anos sessenta. Afinal, o sexo já está mais que banalizado, invadindo nossa sala de estar enquanto jantamos nosso miojo com queijo ralado. Não estou criticando isso! Só quero dizer que no passado nossos ídolos já fizeram um monte de coisa por nós, e acabaram matando nossa vontade de rasgar o peito e desabotoar o cerébro.

Não devemos atacar o fim. Devemos atacar o meio. Vou explicar isso da melhor maneira possível: é sim ou não. Para mostrar quem você é, você precisa ter opinião formada. Ou é sim, ou não; gosto, ou não gosto; concordo, ou não concordo. O sujeito pode nem mesmo ter pensado realmente a respeito, mas precisa ter uma opinião final sobre o assunto. E assim que podemos colocar no mesmo parâmetro os que gostam e os que não gostam do BBB, por exemplo. A maioria que gosta, vê apenas pra se divertir e comentar sobre o reality no dia seguinte com seus amiguinhos. E a maioria que não gosta, não vê justamente pra julgar os que veem. Qual seria o pior? Acredito que são dois lados da mesma moeda. Seria tão bom se procurássemos dentro de nós as respostas para as perguntas que o nosso ambiente propõe. E se não achássemos nada, bom, deixa pra lá, pra que ficar correndo atrás de uma identidade se você sabe que ela é falsa?

A questão toda não é se tal pessoa diz "sim" ou "não". A questão é como ela chegou naquela conclusão, se foi de forma inteligente ou apenas uma resposta a um meio opressor cheio de porcaria em que vivemos. Acho que é por aí que começa a busca por um "desabotoamento do cerébro". Começarei a fazer, e lhes digo se está dando certo ou não. E se der, quem sabe não começamos um processo novo, nunca antes visto, de ideologia jovem? Porque os anos sessenta já foram. Todos as figuras que deixaram sua marca lá já estão descansadas no paraíso da imortalidade, não adianta ficar vivendo em cima de um contexto que não existe mais. Vamos à frente, amigos (:

terça-feira, 22 de março de 2011

The Who "Who's Next"

The Who, banda símbolo dos anos sessenta e preferidinha dos hippies e pseudohippies ao lado de Jimi Hendrix, Beatles, Grateful Dead, etc. Infelizmente, (pelo menos hoje em dia) os Who são desprezados se comparados as outras bandas de sua época, como se fosse uma banda de segunda linha, e não no mesmo hall de fama que Stones, Beatles ou Led, por exemplo. Acho que esse desprezo não pode ser mais equivovado! E o The Who mostra isso com excelência na sua obra-prima "Who's Next".

Obra-prima porque, se pudéssemos definir o conceito de uma "magnum opus" diríamos que seja uma compilação de hits de sucesso. E das nove músicas do disco, uma ou outra é mais fraquinha, o resto é puro rock'n'roll que vai grudar na sua cabeça por um tempo. O melhor de tudo é que a banda não se contenta em fazer um ótimo hard rock, e faz uma mistura com o som progressivo, colocando elementos na medida, como gaita, sintetizadores, etc. Diria que o som do The Who é o rock mais abrangente já feito por aí.

Não é pra menos, afinal, a banda é formada por quatro músicos de grosso calibre (hehe). Keith Moon era um bateirista muito louco, referência a metade dos bateiristas de hoje. John Entwistle é tido como um dos melhores baixistas da história, influenciando toda a vertente do rock no quesito dos graves. Pete Townshend, nem precisa dizer: foi o cara que inventou aquele negócio de misturar boliche com guitarra. E Roger Daltrey, por fim, com sua voz potente e cachos dourados, formam um dos melhores quartetos do rock, tanto em técnica quanto em originalidade.

Um ótimo álbum para começar a ouvir "esse tal de Roque Enrow", Who's Next é uma viagem só, abrindo com o tecladinho doido de "Baba O'Riley". Dentre outras, tem a linda "Behind Blue Eyes", que todo mundo conhece, e "Won't Get Fooled Again", aquela da abertura do CSI (haha). Não sei como alguém ouve esse álbum e vem falar que The Who não está entre os grandes do rock inglês. Faça-me o favor! Falou em The Who, falou em rock de primeira!

Rolling Stones "Exile On Main Street"

O que acontece quando uma das maiores bandas de rock'n'roll de todos os tempos é exilada da Inglaterra e se tranca numa mansão no interior da França, com suas fichas criminais sujas e devendo uma grana? Bom, o jeito é compor algumas canções de blues no porão e ver no que dá. E assim nasceu a obra-prima dos Rolling Stones, "Exile On Main Street".
Este álbum duplo tem um som mais "caseiro", a mixagem dos instrumentos é de cara meio estranha, parece mais ter sido gravado nos anos cinquenta. Por exemplo, repare que a voz de Mick Jagger fica apagada ao lado do som todo, o que dá um toque especial na sonoridade dos Stones. As músicas gravadas na França (em Nellcôte) são as melhores: têm um ar melancólico de um blues regado a álcool e fumo, com gaita, piano e tudo mais. Ouça "Sweet Virginia" e "Loving Cup" para saber do que estou falando.
E é justamente por todas as cagadas em que os Stones ficaram marcados nessa época, é que foi feito a melhor coisa que as pedras que rolam já conceberam no mundo do rock'n'roll. Tudo o que a banda representa, tudo o que a banda criou com o passar do tempo, o estilo de vida rockstar; está tudo aí, nos dois discos de Exile On Main Street. Um ode ao blues e ao rock de verdade (sem querer desmerecer os outros rocks, só quero dizer que esse é o rock mais puro), parado, ali, em 1972, como uma pedra que nunca foi lapidada.
Pra quem quer sacar esse rock de raíz, vale a pena comprar a edição remasterizada (do ano passado, se não me engano) na Saraiva ou algum lugar parecido. E se querem saber mesmo, esse é o único álbum que realmente vale a pena dos Stones. O resto, é resto. Mas Exile ficará pra sempre no nirvana do rock. Pena que depois disso a banda ficou lá, parada, tanto que hoje vive de shows com repertório antigo e relançamentos de discos.

domingo, 20 de março de 2011

À quoi ça sert l'amour

Ah, o amor! Prosseguindo um tópico já exposto pelo sr. Domires (não sei se me darei muito bem na empreita, dadas as dificuldades de resolução objetiva). Mas para que tantos floreios para algo indefinido? Já sabemos que "amor" não significada nada, muita calma, digo, a palavra amor não significada nada. Chega a ser até injusto nomear e reduzir algo tão complexo em quatro simples letras.
    Mas espere aí, o amor não é complexo, complexos somos nós tentando mensurar e racionalizar tudo que há envolta. Complexo é nosso orgulho, nossa vaidade, nossos conceitos pré-fabricados. No nosso corpo tudo funciona adequademente, os hormônios são liberados, a atração é visível, os sintomas estão todos expostos: aceleração dos batimentos, raciocínio lento,  gagueira, aquele perfume que não sai da sua cabeça. Mas tem sempre aquele demôninho que diz: "você está sendo trouxa, você está sendo trouxa". Não é fácil amar, não é fácil se apaixonar, não é fácil se entregar.
     O que estou dizendo? o amor  é sublime, é tentador. Mergulhar nos beijos da pessoas amada sem  ter hora para acabar, é melhor que sorvete de chocolate com chantily e cereja. Entregues um ao outro, a confiança permite com que qualquer sofrimento seja suprimido com apenas três palavra, quando sinceras, "eu te amo".
     Muita atenção: amar não é sufocar, não é viver pelo outro, muito menos para o outro. Quem não tem amor próprio é indigno de partilhar o amor de outrém. Obsessão não é amor, e esse negócio de perseguir (e até matar) porque amava demais, não entra na minha cabeça. Assim como qualquer outro transtorno psicológico relacionado ao assunto.
    Mas quem sou eu para críticar o amor dos outros? Ninguém... eu amo, erro e acerto, tanto quanto qualquer outra pessoa. Adoro ouvir aquela música que me lembra alguém em especial, odeio admitir que amo alguém desmedidamente, já fiz besteira porque amei demais, já amei quem não me amava, também não amei quem me amava, todo esse clichê e mais um pouco.
   E por que o amor não pode ser clichê? o amor é clichê sim, somos bregas quando amamos, quando amamos de verdade, pelo menos. Então se entregue mais (para quem valha a pena), beije mais, conheçam mais, toda forma de amor é conpreensível desde que essencialmente pura. Não vi forma mais simples de exemplificar tudo o que eu disse do que com o clipe do título.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Disco

Lado A

A garota dos cabelos castanhos observa atenta e despreocupadamente a rua. Seu corpo repousando sobre o sentar de índio na calçada não faz jus ao tempo que Ela já viveu. Várias pessoas por aquela rua passam todos os dias. Muitas delas já gravadas no corpo craniano de Ela. Claro, afinal dia após dia elas repetem o mesmo trajeto que as levarão ao mesmo lugar para cumprir os mesmos deveres.

Hoje, porém, ela desgrudou o fone dos ouvidos para chamar a atenção de um homem que ali passava. Com um gesto de mãos, ela conseguiu o olhar do rapaz. Após alguns poucos segundos de troca de olhares, ele simplesmente virou-se e continuou a andar.

Bom, culpa dela não era. Ela tentou avisá-lo. Afinal, quão constrangedor seria chegar a uma reunião tão bem vestido como o homem estava e ter em seus ombros as marcas do subproduto da digestão do pombo?

Lado B

O velho precoce de apenas 23 anos mais uma vez sai às pressas de seu pequeno apartamento no centro da cidade. Os passos frenéticos provocam o ‘toc-toc’ dos seus sapatos minuciosamente lustrados. Os seios da jovem moça sentada na calçada lhe tiram a concentração do discurso que tentara memorizar no decorrer de toda a semana para ser falado hoje, na reunião.

Desviando o foco, Ele percebe que a moça está tentando lhe dizer algo. E de alguma forma, aquela ser completamente estranha à maioria lhe causara imenso interesse. “Devo ir lá?”. Claro que não. O tique-taque do relógio não para, e por isso Ele deveria se apressar ainda mais para chegar ao seu destino.

Com determinação, Ele pressiona a mala de couro contra o corpo , arruma a gravata presa ao pescoço e segue seu rumo.

Pobre coitado. Como poderia imaginar que um sexto de hora seria o suficiente pra conhecer o provável amor de sua vida? Bom, não foi dessa vez.

The Strokes "Angles"

Após cinco anos de espera, vaza a nós (com muito alarde) o tão esperado novo álbum dos Strokes. Já expliquei o som da banda no post anterior, portanto não vou me alongar explicando do que se trata essa que é uma das maiores bandas da atualidade. Apenas cace um link na internet e ouça com carinho o "Angles". Muita tensão nessa hora: a primeira faixa não pode decepcionar. Mas quando se ouve um ritmo latino, com uma forte pitada de breguice e cafonice, vem aquela dúvida: será que os caras piraram de vez? Mais ou menos.
"Machu Picchu", a música de abertura do disco é demasiada constragedora. Que tom de voz é esse que Casablancas usa? Que efeitos malucos são esses nas guitarras? É, de fato, uma canção curiosa. Mas quando a magia dos Strokes começa a surgir, quando aquele refrão grudento estoura nos seus ouvidos e aquela barulheira moderna começa a fazer sentido na sua cabeça, a coisa floresce. Pode-se dizer que o som da banda está bem mais "colorido", bem mais feliz, dançante. "Under Cover Of Darkness" é mais interessante, com um refrão mais grudento ainda, um Casablancas mais gritante e um trecho psicodélico no meio de toda a indiezera.
Agora não há mais dúvidas: é só manter o ritmo que o álbum sai com êxito na sua missão de satisfazer os fãs desconsolados. "Two Kinds Of Happiness" e "Taken For A Fool" comprovam isso, sendo bonitas canções levadas por poesia obscura e rock de garagem clássico, sem muitas frescuras. Esquisita mesmo é "You're So Right", de autoria do baixista Nikolai Fraiture: uma espécie de música eletrônica, experimental, psicodélica, mas que me lembrou muito o Radiohead, e achei meio fraca a faixa se comparada ao que eles quiseram fazer. O solo de guitarra é tímido, e a música logo enjoa, sendo de fato um ponto fraco no álbum.
Indo à outra metade da "bolacha" (aliás, sabiam que o disco será lançado em vinil?), parece que os Estrocas se desentenderam, criando uma confusão sofisticada demais para minha cabeça (pelo menos). "Games" abusa de sintetizadores, sem sal. Já "Call Me Back" é uma bossa nova que ficou muito simpática, achei que os vocais de Julian combinaram bastante com o estilo. "Gratisfaction" e "Metabolism", achei-as de mal gosto peculiar. Rock moderninho, melancólico, repetitivo e do tipo que estamos cansados de ver por aí.
Então chegamos ao fim do curto álbum (apenas 34 minutos). "Life Is Simple In The Moonlight" é tudo o que Strokes representa, toda a sonoridade que você já está cansado (ou não) de ouvir. Sem experimentações, sem viagens psicodélicas nem nada, apenas uma bela canção de Casablancas, para mostrar ao mundo que os Strokes ainda estão vivos, fazendo música boa e inspirando muitos corações solitários (hehe) por aí.

terça-feira, 15 de março de 2011

The Strokes

São poucas as bandas atuais que fazem um som condizente com o que já foi feito nesse planeta, e fogem do clichê atual de batida fuleira e sintetizadores (ou quase) e letras que falam sobre jogar as mãos no ar. Mais raro ainda são bandas que ditam clichês, criando toda uma vertente do rock e tirando-o do marasmo que os anos noventa deixou para nós. Sendo assim, nesse mês importante para a banda, faço um post retomando a carreira desses caras que fizeram minha cabeça há uns anos: The Strokes, os reis do indie (hehe).
Começaram com alarde mostrando um som diferente, um rock de garagem interessante com vocais inspirados (e inspiradores) de Julian Casablancas, um frontman digno de Lou Reed ou Jim Morrison: um rapaz elegante com uma voz fraca, mas cheia de feeling. Em 2000, sai o seu primeiro álbum, Is This It, considerado por muitos o melhor. Foi como uma prova dos nove: os Strokes tinham que mostrar se eram mesmo a salvação do rock ou só uma banda de playboys com nomes cool. Na minha opinião, eles são mesmo uns moleques criados a leite com pêra fazendo um rockzinho de garagem interessante. Mas assim como nos anos sessenta a moda rock'n'roll eram cabelos grandes e camisas de tye-die, o lance agora era outro, o indie: tanto que hoje em dia você anda por aí e encontra essa moda em todo lugar, sendo que na época em que os Strokes se lançaram era algo mais exclusivo aos apreciadores da música, mas nada contra, nem vou me alongar no assunto, afinal o Veliko não é um blog de moda.
Falando em Is This It, caracterizou o som da banda como melancólico, até meio depressivo e simples: um baixo marcante, batida fácil e um jogo de guitarras estilo punk, mesmo. As letras falam da vida urbana de um Julian Casablancas obscuro, mas que não dispensa boas referências (a música Soma é baseada no livro "Admirável Mundo Novo"). Talvez por ter sido muito marcante, muitos fãs e críticos diminuem a qualidade do segundo disco, Room On Fire, que é o velho "mais do mesmo", mas não por isso é pior que o disco anterior. Na verdade, acredito ser um Strokes mais maduro escrevendo canções melhores, como "What Ever Happened?" e o riff agitante de "Reptilia". A penúltima faixa, "The End Has No End", me lembra o filme Titanic (só Deus sabe por quê).
Se no Room On Fire tínhamos a presença de sintetizadores, apesar de leve, no First Impressions Of Earth eles praticamente tomaram conta em alguns trechos. Engraçado que quando tocamos no assunto "sintetizadores" as pessoas já lembram das cafonices dos anos oitenta e afins. Mas é claro que, com o bom senso que Casablancas e cia. tem, o recurso é utilizado de forma perfeita para se misturar ao som da banda. Abrindo com a linda "You Only Live Once", é possível notar uma mudança na sonoridade, saindo mais do rock de garagem cru e entrando num ambiente mais complexo. As linhas de baixo de Nikolai Fraiture ficam cada vez melhores ("Juicebox"), as frases de guitarra de Albert Jr. e Nick Valensi brincam uma com a outra, Casablancas melhora (um pouco) nos vocais, e a bateria do brasileiro Fabrizio Moretti continua a mesma coisa. Interessante o liricismo das faixas, dessa vez tratando de assuntos mais universais, mas não deixando de ser intimista como é praxe de Julian.
Uma pena que após 2006, não houve mais nenhum lançamento dos Strokes, o que deixou muitos fãs desamparados (inclusive eu, que nem sou mais tão fã). Angles promete um som mais maduro, depois que cada membro (exceto Valensi) lançou um álbum solo no período de férias da banda. Se é bom mesmo? Deixa só esse download terminar aqui.

Obs.: se você achou a comparação com Jim Morrison absurda, deixe sua impressão nos comentários. hehehe

domingo, 13 de março de 2011

Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno.

"... seria desejável ser ao mesmo tempo amado e temido, mas que, como tal combinação é díficil, é muito mais seguro ser temido, se for preciso optar". Maquiavel, pag. 88.


   Lendo O Príncipe, dentre tantas passagens verídicas e plenamente aplicáveis, me deparei com tais palavras. Permaneci horas e horas tentando provar, a mim mesma, que isso não passava de mais uma proposição advinda da cabeça de um gênio. Mas apesar de terrível, essa é mais uma das verdade que não conseguimos digerir junto ao desjejum matinal.
   Por que é melhor ser temido que ser amado se, segundo os valores que nos são passados por toda vida, o natural seria o inverso? Oque me traz aqui não são o "amar", nem o "temer" poéticos e sim características instintivas humanas. Dessa forma, é mais fácil trair a quem nos ama, pois o amor é incondicional e mais cedo ou mais tarde quem nos ama (se realmente nos ama) nos perdoará. Já no caso da pessoa temida, procuramos agir com mais cautela por não haver laços afetivo, nem misericórdia quanto a possíveis retalhações. Mas há castigo maior do que o desprezo de quem nos ama?
   Bem sei que o livro se refere a conduta dos príncipes, porém, nada me impede de transpôr os ensinamentos para o cotidiano. Um exemplo clássico disso são pais severo (os temidos) e pais liberais (os amados): normalmente os filhos de pais severos cometem menos erros de conduta do que os filhos de pais liberais, assim, os magoando menos. Mas ouse perguntar qual dos dois filhos é mais feliz.
   Entre erros e acertos prefiro ficar no meio termo, mesmo que esse seja um dos caminhos mais longos para chegar aos meus objetivos. Nem só temido, nem só amado, respeitado já se faz suficiente.

Ps.: Estive afastada do Veliko por falhas técnicas do computador. O chefe não me demitiu, ainda.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Um cidadão gente boa

Era mais um dia normal na vida desse cidadão de meia idade que chamaremos apenas de "cidadão". Ao acordar - às seis da manhã - fez seu café preto com o sabor amargo misturando-se ao mal hálito característico da murrinha matinal, culminando numa careta sincera, daquelas que só são possíveis quando não há ninguém por perto. Logo após, entrou no banheiro levemente alagado do banho anterior, molhando o pés naquela água gelada. Fez a barba, escovou os dentes e outras coisas mais, que deixaremos de lado em prol de sua privacidade como cidadão. Abotoou sua camisa formal e bem passada, apanhou a pasta de couro e saiu de casa. Claro que antes, verificou se tinha deixado mesmo ração e leite para sua cadela serelepe.
Agora sim, o nosso amigo cidadão estava de fora de sua casca protetora do mundo externo, fazendo um caminho uniforme pela calçada apinhada de outros cidadãos iguais a ele. Boiando naquele mar de marasmo, já não dava nem pra saber se ele era um cidadão, ou se ele era um cão na matilha, ou se ele estava ali, de fato. Sentia o ar preencher o peito, depois sair, depois preencher novamente. Aquilo o confortava, fazendo o sentir satisfeito por mais um dia rotineiro e seguro, sem devaneios. Exceto um, que apareceu como um estalo, absurdo demais para ser verdade.
Cidadão imaginou como seria se ele não fosse um cidadão; e sim um humano. Humano mesmo, à moda antiga, romântico como deveria ser: deitado à beira da lagoa, aproveitando a paisagem e vendo as aves passearem tranquilamente sobre todo o mundo abaixo. Assim que ele queria se sentir: voando alto, na paz que só as nuvens podem proporcionar, acima de todo o mar de mesmice no qual estava imerso. Um calor subiu-lhe o peito, a sensação era boa demais, porém distante como a lua é para nossas mãos nuas. O afago da neblina suave no ar lhe deu um abraço, como uma mãe que conforma seu filho de que não é hora de sair de casa ainda.
Quando deu por si, seu rosto estava levemente molhado pelo sentimento amargo que deixou-se escapar do peito. Colocou os braços roçando forte contra o corpo e andou mais rápido: aquilo não deveria estar acontecendo. Adentrou no mar de pessoas cada vez mais fundo e foi deixando suas individualidades no chão como uma garota larga suas roupas com um ar inocente. E deu um adeus para todo o mundo que sonhou um dia presenciar.

domingo, 6 de março de 2011

Breve consideração sobre o carnaval

Mais uma vez eu não conseguia pensar em algo para expor por aqui, até que enfim me ocorreu de me perguntar o porquê do meu querido irmão não estar em casa – pois é, só fui me perguntar depois de 24 horas. E então, a palavra tão temida por mim invadiu meus neurônios: carnaval.
É isso mesmo, temida. Antes de qualquer coisa, logo digo que esse texto pode ser uma confusão devido tamanha parcialidade que corre pelas teclas.

Ah, que lindo. Carnaval. Todo mundo feliz, todo mundo alegre, todos se divertem, pulam, dançam, gritam. Época de jogar tudo pro alto e fazer acontecer no meio dos foliões. Mas o que você, leitor, acha de dar uma pequena pausa na gritaria e pensar no que está por trás dessa “maravilhosa” festa?

Tentando ser breve, vos digo que o carnaval se iniciou há muito mais tempo do que você provavelmente imagina, com o objetivo de fazer tudo o que não seria feito nos 40 dias que se seguiriam que serviam para “se aproximar de Deus”. Muitas das características permanecem, mas muita coisa também mudou.

Agora todo mundo esqueceu do sentido dito acima e só o que quer mesmo é sair pras ruas pra beijar, beber, dançar. Em resumo: curtir seu bom e velho pão e circo. Pois é, não é só uma festa. Prova disso? Procure aí na sua casa um abadá. Olhe a parte das costas. Sabe o que tem lá? Patrocínio e propaganda política. Pra quem ainda não entendeu o que quero dizer, deixa eu explicar. O carnaval é de total interesse das autoridades, por isso tanto investimento no evento. Afinal, um bom carnaval, com as “melhores bandas” proporciona felicidade para a população, então é só colocar os nomes dos políticos no meio da festa e esperar o retorno nas eleições seguintes.

Bom, esse com certeza não é o único ponto negativo que vejo nessas festas. A melhor maneira de achar tais pontos é encarando o lugar onde eles podem ser achados. O folião foi, não na época, uma das piores experiências da minha vida. Não vou discutir cada um dos pontos porque esse não é o foco do texto, mas, me perdoe se isso soar ofensivo. O que eu enxergava ali eram animais alcoolizados fazendo dança do acasalamento com música ruim. Parece que a população resolve expor todos os seus instintos mais primitivos nessa festa.

Tudo bem se você gosta, mas eu não vejo nada positivo em ceder a consciência pro álcool, ficar com o máximo de desconhecidos possível, e tudo isso ao som da mais bela trilha sonora. Eu sei, é gosto. Mas não dá pra reavaliar um pouco essa felicidade?

Não contentes com tamanho estrago, os curtidores parecem fazer de tudo pra deixar as marcas da festa por toda a cidade. Lixo, fedor, preservativos, gravidez indesejada, festa das dst's são as palavras-chave pra resumir o dia posterior à folia.

Não tenho certeza se consegui dizer o que queria com este post, mas acho que posso sintetizar em um único pedido: instigue. Pense o que está por trás de cada e qualquer ação feita. Tenho certeza que se isso acontecesse, a população não mais estaria marcada por coisas como as dita acima. Não quero parecer o dono da verdade, dizendo o que é certo ou errado ou o que você deve fazer. Essas são apenas as minhas considerações, o que quero é que você pense por si e crie as suas próprias sobre o assunto. Com isso, tentemos resgatar os valores perdidos pela juventude como dito no último post do Velikeiro Pai.

Até a próxima.

sábado, 5 de março de 2011

Nossa Mocidade


Olá meu caro leitor, a algum tempo não escrevo nada para o Veliko...o motivo eu não sei, porém, depois de ler o ultimo post do Pratagy, uma idéia de texto até então embrionária veio como uma explosão em minha mente...
O que tenho para compartilhar com vocês meus receptores não é nada além do que o ''Veliko Pai'' expôs... Nós jovens precisamos de um objetivo no tempo que nos resta de mocidade e como visionários atrás de um sentido na vida, logo temos que ter algo com o que se importar e consequentemente lutar por isso.
Nossa geração nasce em um mundo conectado, onde tudo se torna fácil e ágil, onde informação brota de qualquer buraco... Mas e daí tudo isso, se nós jovens nos acomodamos em futilidades da mídia e bebemos do cálice da alienação.
Enquanto você sorri cegamente para a senhora Globo, aperta a mão do senhor Donald e diz olá para o grande Futuro Medíocre ao qual estás predestinado, o mundo esta girando esperando a próxima colisão cósmica, que provavelmente acabará com a consciência nesse planeta, e acompanhando essa rotação tem gente que nem pediu pra nascer sofrendo... Não por culpa exclusiva dos ''poderosos'' magnatas e sim por que, gente que deveria usar sua voz para o bem comum, ta cagando para o resto da vida, só se importando em como vai ganhar seu papel verde e seu pedaço de níquel para perpetuar seu vínculo de sangue.
Então povo que esbanja fulgor, tenho em minhas aspirações um mundo onde todos seremos iguais perante qualquer força... Um mundo sem desigualdades e todo aquele ''blábláblá'' utópico, coisa que eu ou você podemos fazer... se começarmos nesse instante a deixar de lado manias consumistas e egoístas e ver o ser humano ao seu lado como alguém da sua estirpe.



















Imagine
John Lennon
Composição: John Lennon

Imagine there's no heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace

You may say
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world

You may say,
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will live as one