quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Os Mutantes - "A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado"


"Ama ou não ama? / Se ama, me chama / Que eu vou"
Venho aqui hoje, para falar sobre um dos melhores discos “brazuca” que eu já tive o prazer de ouvir: “A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado”, da banda tropicalista Os Mutantes – um álbum muito agradável, não só por sua qualidade musical, mas também pela mistura de psicodelia com peculiaridades brasileiras. Mistura essa que já consagrou a banda, e a colocou entre as melhores e mais ousadas da história musical no país.
Largando o momento “bajulação” do texto, falarei sobre as faixas – maioria delas é de um dualismo quase paradoxal! Desde a psicodélica e sensual “Ando Meio Desligado”, até a experimental e fúnebre “Meu Refrigerador Não Funciona”, passando pela bonitinha e trágica “Hey Boy”. Os pontos altos da obra-prima não poderiam ser esquecidos. Estão na assustadora e calma “Ave, Lúcifer”, na triste e carnavalesca regravação de “Chão de Estrelas”, e na cômica e debochada “Quem Tem Medo de Brincar de Amor” – cujo título original era “Quem Tem Medo de Fazer Amor”, sendo logo censurado pela ditadura militar.
A lista de canções começa de cara com um trio de ouro: “Ando Meio Desligado”, “Quem Tem Medo de Brincar de Amor”, e, para mim, a mais
sensacional de todas “Ave, Lúcifer”. Não podemos deixar de citar o grand-finale por conta da instrumental “Oh! Mulher Infiel”, uma espécie de improvisação misturada com uma canção que parecia já estar escrita.
O ousado disco será, sempre, uma referência para o cenário psicodélico no Brasil. Isso não só pelas canções que surpreendiam a cada nota tirada das guitarras, a cada momento dos incríveis órgãos e sintetizadores, ou a cada ruído inusitado jogado nas canções. Também pela marca que deixou na história
Os responsáveis pelo disco, Mutantes!
da música no Brasil. As ousadas capa (uma encenação de “A Divina Comédia”) e contra-capa (Rita Lee e os irmão Batista prontos pra um bacanal) não deixam dúvidas: A banda tinha chegado para transgredir as regras, em pleno Brasil de ditadura militar. Além disso, houve, nele, uma evolução na sonoridade dos Mutantes. A banda rompeu, de certo modo, com o movimento tropicália, criando um vínculo mais forte com o rock mundano. Basta olhar para os viajados teclados e as excelentes linhas de baixo, além do lindo vocal de Rita Lee. Algo suave e frágil, mas avassalador nos momentos certos. E aí fica minha indicação, se você quer algo de diferente pra ouvir de um artista brasileiro. “A Divina Comédia...” leva um selo de ouro do Veliko Valovi.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Série de livros "O Mochileiro Das Galáxias"




NÃO ENTRE EM PÂNICO! É essa a frase estampada no tão cultuado “Guia do Mochileiro das Galáxias”, o grande companheiro de todo aquele que pretende cruzar o Universo por menos de um salário mínimo, e com apenas uma toalha como fiel companheira. 

“O Mochileiro das Galáxias” é uma série de livros que está longe de ser parecida com outras séries tão famosas mundialmente, grandes trunfos das editoras no capitalismo selvagem. Está longe daquele bruxinho cultuado pela sua priminha de dez anos. Está longe daquela princesa moderna da Disney, que sua irmã universitária que não cresceu quer ler até o último volume. Está longe daquela saga com visões distorcidas de vampiros e lobisomens, mocinhas frustradas e todo o tipo de papo furado que você puder imaginar. Se trata de uma saga que, através de histórias super criativas, faz críticas hilariantes à sociedade contemporânea, zomba de todo o tipo de gente e não poupa ninguém.
Gente fina, não? Não, é o Marvin.

A história começa com seu protagonista, o inglês Arthur Dent, que após acordar de uma bela noite de sono, se depara com tratores que irão demolir sua casa para a construção de uma via expressa. Como era de se esperar, Dent se revolta e protesta contra a demolição de seu lar, até que o amigo Ford Prefect, um alienígena disfarçado de ator desempregado, o convence a abandonar o protesto e ir ao bar tomar uma cervejinha. O que Ford sabe e Arthur não sabe, é que dentro de alguns minutos, a Terra será demolida para a construção de uma via expressa no espaço, o que inutiliza a casa de um jeito ou de outro. Os dois amigos se salvam pegando carona numa nave Vogon, graças à gentileza de seus serviçais. 
A partir daí, começa a loucura maior: Uma história que dá muitas reviravoltas, cheia de altos e baixos, como uma montanha russa. No espaço, Ford e Arthur se encontram com Zaphod Beeblebrox, ex-hippie que virou presidente da galáxia, Tricia McMillian, uma terráquea que pegou carona na nave após uma festa, e Marvin, um robô com elevado senso crítico e um enorme vazio pessoal (ou robótico, por razões óbvias).
A origem do nome de Ford Prefect.
Não contarei mais nada do enredo, para que você aproveite melhor as surpresas que virão. A minha dica é: Se for ler, tente interpretar as entrelinhas da história, pois é lá que está o que há de melhor de Douglas Adams. Crítica social ácida, metáforas absurdas, zombarias de todo os gêneros, além de sutis ataques às políticas públicas e às instituições atuais.
Aí fica a sugestão. Quem quiser se ocupar com algo divertido e de humor inteligente, pode experimentar “O Mochileiro das Galáxias”. Uma série de livros “dupal” (leia e entenda), e, que para mim, apesar de ser do século passado, é bem mais atual do que qualquer saga recente que você encontre por aí. Selo de ouro dos velikeiros de plantão.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Jethro Tull “Thick As A Brick”


Saudações galera velikeira. Venho, por meio desse blog, comentar sobre um álbum que conheci semana passada e fiquei completamente alienado por ele. Veja bem, se alienar nem sempre é ruim, afinal, Thick As A Brick é uma peça de perfeição moderna.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

1001 Discos Para Ouvir Antes De Morrer


Este texto pode parecer um pouco inseguro, afinal, aqui, tento resenhar um livro de resenhas. Sem mais delongas, vamos ao que realmente importa. 1001 Discos... é um livro dirigido por Robert Dimery, porém escrito por 90 jornalistas mundialmente reconhecidos por seus conhecimentos e opiniões sobre a 1ª arte. Não julgue a obra pela capa pouco atraente.

A proposta do livro não é simples: reunir resenhas sobre os 1001 discos considerados mais importantes nas últimas seis décadas. Atente-se a palavra "importantes". O que quero dizer com isso é que você não necessariamente encontrará os melhores álbuns, mas sim os de maior relevância. Álbuns com pouco prestígio e alguns até pouco aceitos pela crítica internacional podem ser encontrados em meio as 960 páginas que separam capa e contra-capa. Mas é claro que o livro também está carregado de álbuns sensacionais.

A organização da leitura se dá da seguinte forma: uma pequena resenha divide espaço com a foto do álbum, informações gerais sobre a produção do disco, e nome, duração e compositor das músicas. Então, você tem diversas informações sobre a obra, inclusive indicações das melhores faixas na visão do jornalista. Na resenha, curiosidades, informações e opiniões compõe o texto. A divisão dos álbuns se dá por ano de lançamento, começando dos anos 50. Lá você encontra, generalizando, álbuns com características country, jazz e soul. Passando dessa década, a leitura se torna mais eclética, e artistas de variados estilos são citados. Alguns exemplos são Ray Charles, The Beatles, Bob Dylan e até uma ou outra obra dos brazucas. Indo para os anos 70, a melhor década da história da música na minha opinião, o número de álbuns citados cresce muito. Tanto que corro o risco de cometer injustiça com muitos artistas se der exemplos. A partir dessa década, o livro segue esse padrão, então vou dispensar comentários.

Bom, aí fica a dica para que você se delicie com muitos álbuns sensacionais. Ah, recomendo que tenha cuidado na seleção dos álbuns, pois vai ser um tanto difícil ouvir todos.

Aqui vai o link onde você pode encontrar todos os álbuns para download: Clique Aqui

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Preferencia Nacional

Preferencia nacional, oque é isso? Simples, a mais nova sessão do veliko valovi, que se trata basicamente de uma enquete para sabermos qual dos itens citados abaixo vocês mais gostam. Então vamos a disputa de hoje? Hoje nós temos 2 personagens que andam tendo um bom destaque na mídia e de certa forma, sendo descaracterizados. Sim caros amigos! Estamos falando dos Vampiros e Lobisomens! Mas qual desses seria o melhor? Bem, vamos fazer uma ficha técnica de como eles são, trabalhos notáveis e seu atual panorama.

Vampiros

Oque eles são : É controverso o conceito de vampiro pois existem diversas versões de suas historias ou até mesmo características, mas vamos simplificar o conceito de vampiro. Vampiros são mortos vivos que sugam sangue humano para sobreviver e não podem sair a luz do dia. Existem alguns que dizem que eles controlam animais noturnos, ou que se transformam em morcego ( eu diria que esse é o vampiro oldschool) e que tem um forte poder de sedução. Nos vampiros existe um rei ( ou ao menos um vampiro muito popular ) que se chama Dracula. Mas perai, Vlad dracul (Dracula) não existiu? Então ele é um vampiro? Bem, não exatamente, apenas foi criado uma lenda em torno dele, por causa de sua brutalidade em punir prisioneiros/súditos/inimigos ( empalamento. Houve casos de dracul empalar até mesmo uma família inteira) e diziam também que ele até bebia o sangue de seus adversários.

Trabalhos notáveis : Os vampiros estão ai a bastante tempo e temos muita coisa boa sobre eles mas oque merece o maior destaque é a obra de Bram stoker de seu Dracula tanto o livro, quanto o filme que conta com boas atuações de Garry oldman, winona ryder e a direção de Francis ford coppola ( O poderoso chefão 1 e 2). Também vale mencionar filmes como entrevista com o vampiro e 30 dias de noite.

Panorama atual : Atualmente os vampiros andam em muita alta, com filmes adolescentes, seriados e até em quadrinhos ( no recente arco dos X-mens publicado lá fora). Mas sera que essa popularidade toda é boa? Bem, essa popularidade rendeu um incrível descaracterização dos vampiros, então tudo que eu disse lá em cima já não vale mais segundo algumas autoras, como Stephenie meyer. Segundo ela, os vampiros são cavalheiros, muito educados que quando entram em contato com a luz brilham como purpurina. Então se você acha que os Vampiros são sangue sugas que visam o prazer e o sangue humano fique longe dos príncipes encantados de crepúsculo ( que estão mais para bundões que príncipes). Mas não se preocupe, nem tudo esta perdido, atualmente ainda temos boas representações de vampiros como em True Blood.


Lobisomens

Oque são : Lobisomens são pessoas amaldiçoadas ( alguns acreditam que por vontade divina) que se transformam em metade lobo metade homem, ou homens com características de lobo. A historia do lobisomem muda de lugar para lugar, por exemplo aqui no brasil a historia do lobisomem existe diversas versões, dizem que o oitavo filho se tornara a fera, ou o sexto filho de uma linhagem do mesmo sexo, ou a mais popular, que depois de 7 irmãs o oitavo filho sera o lobisomem. De qualquer modo os lobisomens tem super força, super agilidade e super sentidos, diferente dos vampiros eles não tem uma racionalidade ou um objetivo, eles apenas espalham terror, caos e pelos por onde passam.

Trabalhos notáveis : Lobisomens sempre tem historias que pendem para o lado o médico e o monstro, mostrando um homem atormentado pela sua maldição, mas oque muitos não sabem é que sua origem vem da mitologia grega, onde que ( segundo as metamorfoses Ovídio) o rei da arcadia, Licaão, serviu carne de árcade para Zeus, e este não gostou disso e o transformou num lobo. Então trabalhos notáveis vai para a lenda mitologica dos lobisomens, mas é claro não podemos deixar de mencionar o clássico cult de o lobisomem americano em londres ( que tinha uma das melhores maquiagens para a época).

Panorama atual : A atual situação dos lobisomens é baixa, em comparado aos vampiros, pois nenhuma menina diria que seu príncipe encantado seria um lobisomem, é claro, apenas a mulher do Tony ramos. Então se você não atinge a massa adolescente fica meio dificil de entrar em alta, mas isso não impede de se fazer bons filmes com eles, como o recente Lobisomem (2010) em que vemos um lobisomem, sombrio e morbidamente assustador.

Mas e então pessoal? Qual é a sua preferencia? Os vampiros sangue sugas ou os selvagens lobisomens? Coloquem seu voto nos comentários e comentem pois essa pesquisa é tão importante quanto o senso ou o ibope ; D
Editado: vote bem ali no canto do site também, e mais uma vez, obrigado pelo voto =]

Pulp Fiction

Filme de 1994 dirigido por Quentin Tarantino, é muito gente boa. Confesso que o gostaria de resenhar aqui era Kill Bill, mas mesmo assim Pulp Fiction cumpre o papel de diversão descompromissada com um compromisso sério a cumprir. Pareceu confuso? Não tenha dúvidas de que é uma confusão paralela a do filme. Contando várias histórias separadas que em certo ponto começam a se interligar, o espectador vai ficando cada vez mais preso a narrativa. Tarantino ainda soma o fato das histórias não estarem arrumadas cronologicamente para deixar o espectador ligado no final, que é muito bom e ainda deixa uma questão no ar.
Taí a galera do mal
Talvez todo esse ar de bizarrice e mistério dê o verdadeiro tom para esse filme, já que não podemos dizer que as histórias são das melhores. Porém, aí que entra o elemento em que mais gosto no cinema. Não sei se já deixei claro isso mas, o que chama atenção para um filme são os diálogos. Em Pulp Fiction, temos isso de sobra. Diálogos instigantes, personagens carismáticos que tornam qualquer situação banal em uma cena impressionante. 
Melhor que isso, só dois disso!
Falando em personagens carismáticos, como incentivo pra você, que curte bons atores mainstream, temos Samuel L. Jackson (sensacional, uma das melhores atuações que já vi do rapaz, apesar de um pouco curta), John Travolta (competente e carismático, o típico garanhão gente boa), Uma Thurman (lindíssima como sempre, arranca-lhe suspiros), Bruce Willis (atuando acima da média) e até mesmo o próprio diretor, Tarantino.
Portanto, fica a dica, veja esse filme. Você ficará com vários diálogos na cabeça e vai sair recitando passagens bíblicas por aí. E vai testemunhar mais uma obra-prima do cinema, sem mais!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

George Harrison “All Things Must Pass”


Barbudo fazendo som cósmico
Esse álbum solo do George Harrison foi, realmente, uma grande surpresa pra mim. Não só por ser um disco triplo, mas também porque é extremamente delicioso de ouvir e preenche o espaço vazio que fica depois que você já conhece todo o trabalho dos Beatles da cabeça aos pés.
Lançado em 1970, tem em seu setlist composições rejeitadas pelos Beatles, algumas compostas com Bob Dylan e o terceiro disco é uma Jam Session das boas. Também contam com músicos convidados de peso, como Eric Clapton, Ringo Starr, Phil Collins e o já citado Bob Dylan. Deixando de lado nomes, vou falar mesmo o que me fez gostar tanto desse álbum – que, aliás, conheci ante ontem e estou ouvindo pela sexta vez. É simples, porém difícil de organizar em palavras: sabe aquele feeling sensacional que tem os últimos álbuns dos Beatles, no seu auge de qualidade musical, aqueles vocais suaves, aquela lembrança de estar numa planície florida cheia de girassóis com um por do sol no fundo? Pois é, com este álbum triplo, George Harrison consegue alcançar toda a beleza e magia das músicas mais lindas dos Beatles (prefiro nem citar e esquecer alguma), e vai além, usando ao máximo sua voz linda e, claro, como o Beatle mais habilidoso (sem treta, galera) tocando guitarra magistralmente.

Uma das capas mais bonitas que já vi
É impossível dizer que as músicas soam virtuosas ou algo do tipo, longe disso. Tudo é bem simples, mas minuciosamente cuidado para que fique o mais delicado e tocante o possível. Recomendo prestar atenção nas músicas "I'd have you anytime", que dá o tom do que pode ser ouvido a seguir, como "Isn't It A Pity": linda demais. "If not for you", "Behind that locked door", "Run of the mill". Parece ser muito longo e cansativo ficar ouvindo o mesmo álbum por uma hora e quarenta e cinco minutos, mas acredite, o tempo vai passar e você vai querer ouvir de novo. Porque aqui temos o espiríto Beatles, apesar de só um membro estar presente (ou dois, já que Starr participa), você vai pirar se gosta de Abbey Road, Let It Be e composições de Harrison no geral.
Atenção especial pra capa, que casa perfeitamente com o som do álbum.