O despertador tocava todo dia exatamente às 6:30 e naquele dia não foi diferente. Paulo acordou desesperado, afinal, depois de 6 meses conseguira uma entrevista. Sua mãe o havia advertido que a área de publicidade e propaganda era muito concorrida, mas Paulo não resistia a um desafio.
Levantou-se. Tomou banho. Tomou café. Deu ração ao cachorro. Despediu-se de sua mãe e desceu os dezesseis andares até a garagem para pegar o carro e sair, numa tentativa provavelmente fracassada de arranjar emprego.
A D&A Company não era tão distante do seu apartamento mas o trânsito estava excepcionalmente caótico naquela manhã. Paulo pegou um desvio e em 15 minutos estava ele lá, na frente do possível futuro emprego.
Atravessou o hall com a ansiedade de um principiante. Chegou à recepção e a moça getilmente o encaminhou à sala de entrevistas. Já havia outra pessoa sendo entrevistada então Paulo sentou-se em uma das cadeiras que havia na frente da sala e aguardou pacientemente sua vez. Dentro de poucos minutos saiu uma moça aos prantos da sala do entrevistador. A ansiedade de Paulo que já era tamanha elevou-se ao cubo mas mesmo assim ele decidiu prosseguir com aquela tortura.
Entrou na sala e lá encontrou um senhor de meia idade e feições afáveis. Isso tranquilizou-o um pouco. Então começou a epopéia.
- Senti-se meu rapaz e conte-me um pouco da sua história.
Paulo sentou-se apressadamente.
- Boa tarde, senhor. Meu nome é Paulo Neto. Tenho 25 anos e há 2 terminei a faculdade de publicidade e propaganda. Já passei por outras empresas...- Paulo prosseguiu falando todo o seu currículo.
Depois de quase 10 minutos de discurso Paulo terminou tudo o que tinha preparado para falar mas algo parecia não está transcorrendo bem, o entrevistador não transparecia nenhum sentimento: nem o de aprovação, nem o de reprovação. Houve uma pausa constrangedora e então o entrevistador prosseguiu.
- Bom meu rapaz, diante de tudo que foi dito aqui terei de fazer-lhe três perguntas. Se você as responder de modo satisfatório eu o empragarei, está certo?
A tensão tomou conta do lugar e foi notada facilmente na expressão temerosa de Paulo ao responder, de forma afirmativa, com a cabeça.
-Em primeiro lugar. Quem é você?
- Como disse anteriormente, eu sou Paulo
- Não, meu caro. Eu perguntei quem você é, não qual seu nome. Tente novamente.
- Eu sou é... sou... um publicitário desempregado.
-Não, você não entendeu. Não perguntei o que você faz ou qual o seu estado, apenas o que você é. Vamos tentar outra pergunta.
Uma chance havia sido queimada. Paulo agora tentava se concentrar nas próximas duas perguntas, sem sucesso.
- Numa empresa temos que fazer escolhas, em qualquer situação escolhemos o que nos é preferido. Você é o favorito de alguém, Paulo?
-Não sei ao certo... Sim, sou.
- De quem?
- Ao menos da minha mãe.
- E se sua mãe tivesse um empresa e optasse por empregar você, ela seria imparcial?
- Não.
- Temos um impasse.
Mais um "x" foi marcado na ficha de Paulo, áquela altura todas as esperanças já haviam se esvaído.Havia uma última chance, porque não tentar?
- Paulo, você deseja prossegir?
- Se possível.
- Essa é a última pergunta então preste atenção. Você se acha capaz?
Que espécie de pergunta é essa? Como ele poderia responder a algo do tipo se a poucos minutos ele havia descoberto que não sabia quem era ou se era o favorito de alguém? Essa realmente seria a última pergunta e Paulo respondeu com um simples:
-Não, senhor.
Paulo levantou-se e foi embora sem esperar as útilmas considerações do entrevistador. Pegou o elevador, foi até o último andar do prédio, olhou a paisagem e jogou-se. Era o fim de uma carreira promissora, era o fim de um homem que foi derrotado por palavras.
No dia do enterro havia choro, havia vela. Mas também havia um distinto senhor de meia idade, o intrevistador, doutor Jaime Freir, renomado psiquiatra e gerente de recursos humanos da D&A. Ele foi o último a prestar suas considerações ao morto. Ao deixar o túmulo pôs no local um bilhete que dizia assim: "Aqui jaz um homem que tentou, e o único que conseguiu chegar a terceira pergunta. Pena que não viveu o suficiente para ser empregado."
Moral da história: Estaja preparado pois a vida pode tentar acabar com você e o reconhemento pode vir tarde demais. Mas antes morrer evoluindo do que viver no previsível.
Interessante, vou ficar pensando nisso por um tempo, apesar de não ter entendido muito bem.
ResponderExcluirMuito bom Jamilly (:
Vejo muitos erros gramaticais...Enfim, acho que esse post não tem nada a ver com o blog. Gostei do primeiro post dela, mas desse nem tanto. Achei uma moral um pouco manjada. Esse papo de que a vida vai tentar te derrubar já tá velhinho e quando eu entro no Veliko espero ver um diferencial como de costume.
ResponderExcluirPermito a Bruna falar por mim.
ResponderExcluirBom, tirando a parte do "gostei do primeiro post", apesar de curtir o estilo.
Ah, e um conselho pra Jamilly: o Pratagy já é egocêntrico sem motivo aparente, chamá-lo de Chefe só faz piorar...
ResponderExcluiruhsaushausauh
ResponderExcluirEu gostei deste post. Não entendo bem porque tenho esse interesse mórbido por estórias em que a morte se faz presente.