domingo, 6 de fevereiro de 2011

A entrevista

      O despertador tocava todo dia exatamente às 6:30 e naquele dia não foi diferente. Paulo acordou desesperado, afinal, depois de 6 meses conseguira uma entrevista. Sua mãe o havia advertido que a área de publicidade e propaganda era muito concorrida, mas Paulo não resistia a um desafio.
       Levantou-se. Tomou banho. Tomou café. Deu ração ao cachorro. Despediu-se de sua mãe e desceu os dezesseis andares até a garagem para pegar o carro e sair, numa tentativa provavelmente fracassada de arranjar emprego.

       A D&A Company não era tão distante do seu apartamento mas o trânsito estava excepcionalmente caótico naquela manhã. Paulo pegou um desvio e em 15 minutos estava ele lá, na frente do possível futuro emprego.
      Atravessou o hall com a ansiedade de um principiante. Chegou à recepção e a moça getilmente o encaminhou à sala de entrevistas. Já havia outra pessoa sendo entrevistada então Paulo sentou-se em uma das cadeiras que havia na frente da sala e aguardou pacientemente sua vez. Dentro de poucos minutos saiu uma moça aos prantos da sala do entrevistador. A ansiedade de Paulo que já era tamanha elevou-se ao cubo mas mesmo assim ele decidiu prosseguir com aquela tortura.

      Entrou na sala e lá encontrou um senhor de meia idade e feições afáveis. Isso tranquilizou-o um pouco. Então começou a epopéia.
- Senti-se meu rapaz e conte-me um pouco da sua história.
      Paulo sentou-se apressadamente.
- Boa tarde, senhor. Meu nome é Paulo Neto. Tenho 25 anos e há 2 terminei a faculdade de publicidade e propaganda. Já passei por outras empresas...- Paulo prosseguiu falando todo o seu currículo.
      Depois de quase 10 minutos de discurso Paulo terminou tudo o que tinha preparado para falar mas algo parecia não está transcorrendo bem, o entrevistador não transparecia nenhum sentimento: nem o de aprovação, nem o de reprovação. Houve uma pausa constrangedora e então o entrevistador prosseguiu.
- Bom meu rapaz, diante de tudo que foi dito aqui terei de fazer-lhe três perguntas. Se você as responder de modo satisfatório eu o empragarei, está certo?
      A tensão tomou conta do lugar e foi notada facilmente na expressão temerosa de Paulo ao responder, de forma afirmativa, com a cabeça.
-Em primeiro lugar. Quem é você?
- Como disse anteriormente, eu sou Paulo
- Não, meu caro. Eu perguntei quem você é, não qual seu nome. Tente novamente.
- Eu sou é... sou... um publicitário desempregado.
-Não, você não entendeu. Não perguntei o que você faz ou qual o seu estado, apenas o que você é. Vamos tentar outra pergunta.
      Uma chance havia sido queimada. Paulo agora tentava se concentrar nas próximas duas perguntas, sem sucesso.
 - Numa empresa temos que fazer escolhas, em qualquer situação  escolhemos o que nos é preferido. Você é o favorito de alguém, Paulo?
-Não sei ao certo... Sim, sou.
- De quem?
- Ao menos da minha mãe.
- E se sua mãe tivesse um empresa e optasse por empregar você, ela seria imparcial?
- Não.
- Temos um impasse.
      Mais um "x" foi marcado na ficha de Paulo, áquela altura todas as esperanças já haviam se esvaído.Havia uma última chance, porque não tentar?
- Paulo, você deseja prossegir?
- Se possível.
- Essa é a última pergunta então preste atenção. Você se acha capaz?
      Que espécie de pergunta é essa? Como ele poderia responder a algo do tipo se a poucos minutos ele havia descoberto que não sabia quem era ou se era o favorito  de alguém? Essa realmente seria a última pergunta e Paulo respondeu com um simples:
-Não, senhor.
      Paulo levantou-se e foi embora sem esperar as útilmas considerações do entrevistador. Pegou o elevador, foi até o último andar do prédio, olhou a paisagem e jogou-se. Era o fim de uma carreira promissora, era o fim de um homem que foi derrotado por palavras.
       No dia do enterro havia choro, havia vela. Mas também havia um distinto senhor de meia idade, o intrevistador, doutor Jaime Freir, renomado psiquiatra e gerente de recursos humanos da D&A. Ele foi o último a prestar suas considerações ao morto. Ao deixar o túmulo pôs no local um bilhete que dizia assim: "Aqui jaz um homem que tentou, e o único que conseguiu chegar a terceira pergunta. Pena que não viveu o suficiente para ser empregado."



Moral da história: Estaja preparado pois a vida pode tentar acabar com você e o reconhemento pode vir tarde demais. Mas antes morrer evoluindo do que viver no previsível.

5 comentários:

  1. Interessante, vou ficar pensando nisso por um tempo, apesar de não ter entendido muito bem.
    Muito bom Jamilly (:

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  2. Vejo muitos erros gramaticais...Enfim, acho que esse post não tem nada a ver com o blog. Gostei do primeiro post dela, mas desse nem tanto. Achei uma moral um pouco manjada. Esse papo de que a vida vai tentar te derrubar já tá velhinho e quando eu entro no Veliko espero ver um diferencial como de costume.

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  3. Permito a Bruna falar por mim.
    Bom, tirando a parte do "gostei do primeiro post", apesar de curtir o estilo.

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  4. Ah, e um conselho pra Jamilly: o Pratagy já é egocêntrico sem motivo aparente, chamá-lo de Chefe só faz piorar...

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  5. uhsaushausauh
    Eu gostei deste post. Não entendo bem porque tenho esse interesse mórbido por estórias em que a morte se faz presente.

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