quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O lunático está na minha cabeça

Guerra Fria, período pós-segunda guerra até o final dos anos 80. Duas potências, uma de cada lado do globo, ameaçam uma a outra com ogivas nucleares, verdadeiros instrumentos de Deus para o apocalipse encarnado. Tudo uma discussão política, uma disputa onde os jogadores são os medalhões de seus governos. E a população? Bom, essa está aí como um enfeite, para seus líderes escolherem onde botar na grande árvore de natal (sádica e cruel, diga-se de passagem) que é a história.
Por que estou falando disso? Não, não é uma tentativa de ensinar geografia ou história, nem nada do gênero. Foi apenas uma luz que me acometeu e me fez entender a barreira que existe entre nós e nosso governo. Digo, o mundo no geral vive uma democracia feliz e sorridente, e temos orgulho de declarar isso. Mas não acredito que essa democracia nos ponha em algum lugar decisivo em o que nosso Estado faz ou não. Mas ah, nós podemos eleger nosso candidato lá na frente. Claro! Mas nada impede que um lunático suba lá, seja de esquerda ou direita, liberal ou não.
Estamos rodeados de lunáticos, se você não percebe. Lunáticos do tipo que não ligam se você paga valores absurdos de luz, não tem condições de alimentar os filhos ou até mesmo se vai ser incinerado em um ataque nuclear. Somos apenas casualidades de guerra, recursos. Esses malucos, megalomaníacos compulsivos, vão engajar todo tipo de guerra, entrave, disputa, ou o que quer que seja, para jogar o velho jogo dos interesses. Há muito tempo (se é que já houve esse tempo) que não somos mais considerados parte importante de uma nação, por incrível que pareça. Na maior parte do tempo, o que importa são os lunáticos lutando contra seus próprios demônios, enquanto pessoas sofrem de um câncer que as destroi lentamente: a ignorância.
A ignorância é uma benção oferecida por eles. Sim, eles, você sabe quem. Eles, os amigos do povo, gente da gente. Nos dão essa arma valiosa, essa vacina da mediocridade que nos anestesia de toda a bosta que somos obrigados a comer todo dia. Enquanto estamos aqui, sentados, vendo a chuva passar, pensando em alguma coisa banal, tem gente decidindo coisas por nós. Gente sã? Gente que escolhemos, né? Não lhes garanto nada...
É disso que se trata a sociedade atual, pessoal. Se trata de nós, e eles, como o Pink Floyd diz. Estamos aqui, fazendo nossa parte, e eles estão lá, decidindo qual é a nossa parte. Cuidado, galera, isso é um tanto perigoso. Tenho medo de o que pode acontecer, e acho que um pouco de precaução não faz mal a ninguem. Abraço!



"You lock the door
and throw away the key
there's someone in my head but it's not me"
Brain Damage, Pink Floyd

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Hiperconsumismo

Eu muito bem sei que a proposta do blog não é postar links, e sim expor nossas considerações e percepções de mundo. Mas hoje, me limitarei a mostrar-lhes um texto de outro site.
Faço isso porque considero de extrema importância o que a revista trip cobre: uma palestra dada por um camarada chamado Gilles Lipovetsky, ou, como alguns preferem chamá-lo, o papa do hiperconsumismo.
Não, a palestra não é sobre os crescentes padrões de consumo por parte da população, mas sim uma reflexão um tanto abrangente em relação ao todo que é a nossa sociedade. A leitura não é muito fácil, mas não tema, clique e leia o que o tal papa tem a nos dizer.
Ah, e não posso esquecer de agradecer ao querido Daniel Kahwage, cara gente boa que mandou o conteúdo. E à vocês, façam o mesmo. Agradecerei posteriores bons conteúdos que receber.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Je t'aime


Meu caro recepitor, venho agora falar sobre outro assunto muito conhecido pela raça humana, o amor...ai você pensa em clichê, não o culpo por isso, nem ao menos pense que eu esteja amando para escrever sobre este sentimento.
Poderia dizer que o amor é isso e aquilo, coisa que Camões exerceu com maestria em seu sonêto. Porém pretendo transmitir meu pensamento sobre o amor... Refletindo um pouco sobre o assunto, cheguei a conclusão de que o amor em sua forma crua, não vai muito além do toque e do desejo, o simples êxtase provocado no toque de lábios, no simples contato de pele. Agora meu querido leitor, você me pergunta sobre o amor entre familiares ou o amor existente no meio dos amigos,sim, ele é diferente, mas será mesmo amor o que você sente por sua mãe ou seu melhor amigo?Acredito que nem tanto, os homems desde sua aurora inventam palavras e sons para designar as coisas a sua volta, com o ''amor'' não foi diferente.
É simples...aquele nosso ancestral um dia olhou para uma fêmea quis consumar um dos desejos mais primitivos do animal, e a partir deste ato, o ''amor'' surgiu.
Então o que eu quero que vocês compreendam, é o fato do amor ser um simples contato com outro ser, e se hoje o sentimento em questão é tão complexo a culpa é do ser pensante que vive neste planeta, pois afinal nossa cabeça se tornou tão complexa, a ponto de escrever que o ''amor é fogo que arde sem se ver...'' sem que isso faça tanto sentido.
Assim como disse no meu post anterior, você talvez tenha lido a merda do mais repugnante aroma, mas que se ferre... Só espero que você passe seu tempo antes do fim, com deleite, e uma das melhores formas de se fazer isso é amando.Então levanta essa bunda e busque o melhor olhar e sorriso a sua volta, com o qual você sinta prazer em compartilhar o universo e toda sua plenitude.
Faça com que sua vida seja uma Afrodísia.




Sonêto 11
''Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?''
(Luiz Vaz de Camões)

เกียรติ สู้ เกียรติศักดิ์

      É notório que no Brasil as artes marciais em geral (principalmente aquelas que não ganham medalhas em olímpiadas) são poucos valorizadas, ou discriminadas mesmo. O estereótipo que muitas pessoas tem sobre lutadores são de troglodita, burros e violentos. Então vem alguém e diz que não é bem assim, que muita coisa evoluiu, que já se abriram várias academias. Se entre as muitas modalidades da arte já existe discriminação, imagine entre os leigos.
      Nesse post eu me aterei a falar principalmente do muay thai, por ser o meu esporte e nesse momento o mais fácil de explicar. O muay thai ou boxe tailandês teve origem através da "chupart" na qual se utilizavam armamento para se defender durante a guerra, como: facas, adagas e escudos. Com o tempo o povo tailandês deixou de lado o armamento para diminuir o número de feridos da prática e ela se tornou o que é hoje. O muay thai é uma combinação de chutes, socos, joelhadas, cotovelas onde o objetivo é nocautear o adversário. As principais características dessa luta são agilidade, resistência e força.
      Se para um homem já é difícil subir em um ringue, a coisa fica tragicamente pior quando se trata da atuação feminina. Fora o fato de muitas famílias não aceitarem o esporte escolhido, ainda tem muitos atletas que desistem por pressão dos companheiros afetivos. Se o drama já foi todo montado, ainda tem uma complicação pior: não existe campeonato paraense de muay thai. Apesar de termos excelentes academias no estado, não há patrocínio, e quando há, na maioria das vezes, as lutas ocorrem na periferia da periferia onde não há públicos. Muitos dos nossos atletas tem de sair do estado (ás vezes, do país) para serem valorizados, virar professores de academias (que na sua maioria pagam muito mal) ou morrer de fome.
      As pessoas ignoram que toda arte tem sua essências, suas teorias e seus ensinamentos. Não são só um bando de loucos se espancando gratuitamente. Obviamente, não podemos generalizar que todos os lutadores  são bonzinhos, mas como diria Mag: "Briga de homem é no tatame."
      Por fim, vocês  devem está se perguntando, oque essa doida quis dizer com "เกียรติ สู้ เกียรติศักดิ์"? "honra, luta, glória", o lema da minha equipe: lutamos com honra para conseguir a glória justa. Oque não só lutadores devem ter, mas todas passoas que valem alguma coisa.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Fim

Alma, dor, sofrimento, alegria, amor, inferno... Tudo isso você, leitor, deve conhecer bem, mas e o final? O derradeiro fim da consciência, o local onde nenhum humano foi capaz de descrever antes, o simples fim, o momento que para alguns é esperado com esperança, onde o criador de tudo
vai olhar no fundo da sua alma( se é que existe uma alma para se olhar) e lhe tirar de uma agonia milenar, a duvida do fim, a duvida final, derradeira... Para outros, o fim será só o nada.
Porque tratar de um assunto tão bizarro e que só terminaria com o fim daqueles que o discutiram, simples... assim como Jim Morrison o Dionísio mortal que andou sobre esta terra, eu também acredito que o fim seja um amigo, sim, um amigo. Amigo que tira os maiores infortunios da sua mente, trás uma paz mesmo que momentânia, você não terá mais que conviver com outros seres que nem ao menos acredita serem reais, todos a sua volta podem ser simplesmente uma peça que você mesmo pregou.
Pense como se você tivesse o poder de um Deus, é isso do que se trata tudo, um maniaco tira vidas pois acredita que tem poder sobre todos, você leitor que não mataria uma mosca, só não gosta disso porque lhe afeta a mente e você se sente mal.
Não sei que fim quero dar nesse post, você talvez perdeu parte do seu tempo lendo a mais fétida merda de todas, mas feche seus olhos um instante imagine ter poderes onipresentes, deleite-se deste momento, depois disso tudo imagine algo que você queira fazer e faça! Como por exemplo amar uma garota até o fim... Só isso que tenho para lhes oferecer... um pensamento, um desejo, aproveite tudo que lhe dá prazer... e quando seu fim chegar, apenas sorria.

''And in the end,
The love you take
Is equal to
The love you make.''
(The Beatles)

Fim.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

E o Ronaldo?

Saudações Velikeiros de todas as nações, venho dessa vez com meus pensamentos tortos importunar sua importunação adormecida.
Andando por aí observo as pessoas ao redor e, em algumas dessas minhas observações, notei algo interessante, talvez vocês já saibam mas enfim, vou organizar em palavras do meu jeito. Depois de escrever o post do Ronaldo, dos ídolos, e de certa forma, ler o excelente "Brincando de Política" do Lucas Ferreira concluí que, as pessoas precisam de algo a se apegar. Se apegar e se espelhar naquilo, também. É muito importante que haja o reflexo.
  Não falo de se apegar a uma imagem de uma pessoa, um ídolo. Pode ser uma cultura, ou fruto desta. Na verdade, obviamente é fruto desta. Acho engraçado esse negócio de você ser fruto do seu meio. Afinal o meio é um limite, certo? Então qual é a vantagem de você se limitar a um contexto? Você já nasce predestinado àquilo, à sua "galera". Ou não! Ou você realmente ache que aquela sua galera não passa de um monte de babaca e você é um cara que merece mais. Mas não vou cair nessa história de "nascer e morrer" de novo, acho que já escrevi boa parte do que penso (o que não é muito) sobre o assunto.
Outro ponto que acho engraçado nessa história toda é que, as pessoas se cegam no fim das contas. Só pra estufar o peito e dizer que é um público de opinião formada, é um cara que sabe o que quer e o que gosta. Mas nunca nem experimentou outras coisas! Estou sendo etnocentrista de novo? Nessas horas em que escrevo esses posts, aponto alguns defeitos meus, o que é sempre interessante (e às vezes um pé na saco dos comentaristas). Ninguém é perfeito (lógico), então, porque não vamos todos dar as mãos e pular cirandinha? Curtir coisas novas, tentar fazer coisas diferentes, sem preconceito. Olhar por outros pontos de vista... Ou você só está se cegando para não ter que pensar muito sobre o assunto e ficar só nessa de "uma coisa só"? Isso se chama alienação, meu amigo!
Todo esse discurso pode parecer "coxinha", até. Mas é o que tenho a dizer a vocês, sinceramente. É o que penso recentemente, e acho que é uma das melhores formas em que posso expressar (no blog). Se após ler isso você vem na área dos comentários pra escrever frases feitas e cuspidas sobre o Ronaldo ou o quer que seja, tudo bem! Eu leio com carinho. Dane-se, as pessoas são livres (em tese), eu só tentei. Quem sabe (eu espero, com muita fé) não venha outro pensador comigo e me diga "eu tentei, amigo". Imagine como será refrescante, e como pode ser refrescante pra todo mundo se os velhos dogmas do passado se rompam e os muros encardidos da nossa pobre percepção caiam em desuso. Ou sejam limpados com bastante sabão, quem sabe. Beijos

Brincando de Política

Há dois dias venho buscando algo para compartilhar com você, leitor, mas nenhum pensamento que considerasse relevante surgia em minha cabeça. Até que um simples acontecimento cotidiano causou-me uma epifania. Então, antes de contar-lhes tal súbita compreensão, narrarei o que aconteceu esta manhã.

Aula de artes, todos conversam. Eis que adentra ao recinto a orientadora pedagógica, e esta diz que devemos eleger o representante de turma e seu vice como todos os anos. Tudo começou com uma brincadeira, mas o resultado disso foi o nosso querido Velikeiro Pai tornando-se, até então, candidato ao cargo.

Todos se divertem com a candidatura, afinal, como levar a sério aquilo? Para os poucos que não conhecem a figura, devo dizer que, com certeza, não possui o perfil exigido para o cargo. Sério, não quero desmoralizá-lo em seu próprio blog, estou apenas contando fatos.

Encurtando a história, temos o seguinte: não é que 70% da sala votou no sacana? Pois é, ele é o nosso novo representante. Após isso ainda soube da eleição do querido Marquinhos em outra sala. Pra quem não sabe, Marquinhos é um cara como qualquer outro, exceto que faz todo mundo rir fazendo e falando besteira. Apesar de falar isso, considero o cara muito gente boa.

Mas não vim aqui pra contar do que acontece em minhas manhãs, e sim da tal epifania que tive. Aqui vai.

Os dois atuais representantes foram eleitos com risadas, alegria. Claro, como não achar graça dessas duas figuras representando todo mundo? Mas aí me ocorreu de pensar o que tinha acontecido ali. Algo parecia estranho, resolvi colocar aquilo em um plano bem maior. Pois é... Tiririca taí.

Não, não é exagero. O que aconteceu ali foi exatamente isso, porém claro que em suas devidas proporções. Isso é uma pequena projeção do que realmente acontece em nosso país hoje: uma população que não leva a política a sério, elegendo pessoas sem qualquer preparação para representar a voz de milhões diante das maiores autoridades nacionais.

Aí você diz “Ah, tudo não passou de uma brincadeira.” Sim, meus caros, uma triste brincadeira. Mas pense que essa brincadeira foi um ótimo reflexo do que perdura no país e nas cabeças desse imenso rebanho que aqui vive e exerce sua “democracia”.

Pense nisso.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ídolos

"Então do Ronaldo tu falas, não é? Mas do tal do Roger Waters, bicho fechado!" Vamos esclarecer as coisas então...
Existem grandes guitarristas do rock, grandes jogadores de futebol e grandes atrizes de cinema. E qual é a relação entre eles? Simples: eles estão aí para divertir as massas. Só isso? Em tese, só isso. Mas claro que, como vocês bem sabem no mundo nada prospera sem uma falcatrua por trás.
Digo, pareci etnocentrista? Afinal, boa parte do Veliko Valovi são resenhas de discos e filmes que gosto. Porém, dê uma olhada nos posts mais recentes. Praticamente nenhum aborda essa linha. Por quê?
Desde o início fui contra justificar o próprio blog, mas enfim, quem vive pragmaticamente não evolui (ou involui, quem sabe), nao é mesmo?
Quem se importa se eu gosto de Led Zeppelin ou Beatles, no fim das contas? Isso não importa! Têm muito mais coisas importantes a se falar do que rock'n'roll ou futebol. A sociedade sofre de problemas seculares, até milenares e nós estamos aqui, falando de futilidades do dia a dia? Claro que você deve se divertir. Não falo de hobbies, falo de você saber separar os hobbies da idolatria, da perda de tempo.
Tanto faz se o Robinho sabe pedalar como ninguém ou o Eddie Van Halen faz um tapping rapidíssimo! Eles só estão aí pra cuidar das próprias vidas, nem que isso repouse aonde a sua liberdade intelectual reza. Óbvio que existem aqueles que fazem algo pelos outros: pra mim, Roger Waters é um exemplo claro, tocando mentes jovens pelo mundo com suas letras engajadas no pensamento social e político (de esquerda, aliás). Pra mim, Pink Floyd é realmente algo a se levar à sério, mas claro, se você expandir sua obra para todo um contexto que realmente funcione.
Não se esqueçam pessoal, é tudo cultura, viva a cultura, viva as diferenças, viva o Brasil! Mas não se levem muito a sério, muito menos os outros, porque o sentido da vida é você se encontrar e seguir esse caminho. Beijos

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ronaldo está se aposentando...

"E o que o Veliko tem a ver com isso?" você se pergunta. Realmente, confesso que não gosto nem um pouco de futebol e sou daqueles que só vê a Copa do Mundo com a família. O que me motivou a escrever sobre o tal do Fenômeno foram os comentários que tive a oportunidade de ouvir sobre o assunto.

"Ronaldo, você fez muito para o futebol brasileiro [blábláblá], você merece!"

Todo esse tico-tico no fubá, pra um cara que fez muito para o futebol brasileiro. O que seria, então, fazer muito para o futebol brasileiro? Digo, não quero tirar o mérito dele ter sido um grande jogador. Mas que pra mim é um mérito de merda (desculpe a palavra), deixo claro!
O que Ronaldo fez mais para a sociedade brasileira do que entretê-la (e aliená-la, consequentemente)? Porque entreter e alienar, podem viver separados. Mas quando a diversão está ligada a vida alheia, quando as pessoas se divertem se ele está com alguns quilos a mais, ou se ele faz sexo com travestis, então eu concluo que esse é um tipo de entretenimento muito duvidoso.
As pessoas ainda se prestam a homenagear, "babar ovo" do Ronaldo Fenômeno, sendo que o mesmo nunca se preocupou com a sociedade e seus problemas (podendo ter feito algo do tipo, considerando sua "alta posição" social), muito menos com você. Qual o sentido de ser um ídolo, afinal? Acho que essa galera cada vez mais procura as coisas certas nos lugares errados, infelizmente.

Obs.: ver um jogo de futebol, pra curtir e torcer pro seu time, é muito legal (pra quem gosta). Mas quem vive em torno disso, e leva a sério todo esse samba do crioulo doido que é o show business do futebol brasileiro, boa sorte!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Consideração a nós brasileiros

Alguns anos se passaram desde a minha “demissão”, mas cá estou eu de volta. Bom, pelo menos estarei se esse texto for aprovado pelo Velikeiro Pai. Mas chega de conversa fiada, vamos para o que a mim importa.

Creio que muita gente já esteja saturada de tanto assistir a revolta dos egípcios contra o governo. Quer dizer, no mínimo eu realmente estava. Mas aí veio a grande e esperada notícia: após vários dias de protestos, eis que o ditador renuncia. Que lindo, que maravilha, que beleza.

Os economistas especulam o que há de acontecer com a economia, os geógrafos, diplomatas e tantos outros se preocupam com a relação do novo Egito com o mundo, mas não é nada disso que me motivou a criar este post.

O que me fez ligar o computador depois de muito tempo sem o fazer foi ver aquele povo soltando o grito de triunfo. Grito de quem ganhou a guerra que lutou. “Que é isso?! O cara vê a galera gritando e corre pro computador pra escrever?” alguns devem ter pensado. E respondo. Sim, exatamente por isso escrevo isto.

Para explicar o verdadeiro ponto, primeiro faço um resumo minúsculo sobre algo de imensa magnitude: o que acontece lá é que um tal Hosni Mubarak comandava uma ditadura que, até esta semana, durava por 30 anos. E o povo nada contente aproveitou que outros governos próximos estavam em crise ou sob reforma e correu pras ruas pra protestar e, se preciso, pra bater, quebrar e queimar pra tirar o tal ditador.

E aí, meus caros, é que está a beleza da coisa. O povo pensou “Cara, essa sacanagem já deu pra mim! Vou pra rua, vou gritar, vou quebrar até tirar esse representante do Capeta do trono!”. E foi exatamente o que aconteceu. Em todos os noticiários nós vemos o resultado. Se você não viu, aqui vai: a casa caiu pro Hosni Mubarak.

Finalmente cheguei aonde queria chegar. Venho aqui falar da revolta da população egípcia. A maioria esmagadora não mais suportava a ditadura vivida pelo país, então o que fazer? Protesta pra ver resultados! Mas agora indago à cada um de vocês, queridos leitores. É isto que vemos, vivemos e exercemos no Brasil?

...

Pois é. Apesar de achar desnecessário, digo que a resposta é “não”. Todos, repito, todos nós sabemos a vergonhosa situação presente neste país em todos os setores! Seja na saúde, seja no sistema educacional, seja na política. E o que fazemos? Reclamamos, sentamos, e esperamos que do céu caia a solução para a situação caótica que o povo brasileiro vive. É, o Brasil está assim por nada mais que nossa culpa. Nossa! Tanto sua quanto do hipócrita interlocutor que vos escreve.

O brasileiro é confortável. Enxerga o problema, questiona o problema, e baixa a cabeça diante o mesmo. Se o povo protestasse, garanto, muita coisa melhoraria. A politicagem brasileira é cheia de figurinha repetida, o caos permeia, a Amazônia vira fumaça. Por quê? Porque confortamos nossos fétidos traseiros nas deliciosas poltronas da ignorância.

Pense nisso.

Um ponto Final.

      Hoje acordei meio enjoada, talvez seja por culpa dos acontecimentos da noite passada. Sabe, eu fico meio magoada com esse sentimento de revolta que as pessoas nutrem contra mim. Meus queridos, este é meu trabalho e eu não posso fazer nada para mudar o destino.


      Acho sim que as pessoas poderiam ser mais compreensivas, até porque isso é inevitável. Não sou eu que faço as regras, eu apenas as cumpro. Mas também não posso lhe dizer que não me sinto satisfeita com um trabalho bem feito. É assim, um nascem pra viver uma vida boa, outros existem pra fazer com que ela termine bem.
      Mas existe uma energia diferente... não estou mais tão apta a fazer o que faço quanto estava há algum tempo atrás. Isso me leva a pensar, mas não, não há tempo para pensar. Eu tenho que agir e agora. Queria apenas poder sentir o sabor das coisas que me são negadas, mas seria muito delírio da minha parte. Nunca sentirei a felicidade que você já sentiu um dia.

      O cheiro das pessoas continua empreguinado nas minhas roupas, não há produtos de limpeza suficiente para removê-los. Mas é assim mesmo, a cada segundo um cheiro diferente e pouco tempo depois não há nada mais com que se preocupar, todas as provas foram enterradas. A roda continua girando e o ciclo  vicioso impede a minha saída.
      Você pode estar pensando agora o quando sua vida é injusta, o quando seu emprego não lhe satisfaz, o quanto sua família é desequilibrada, quantas coisas você vai perder. Mas posso lhe ser sincera? Seu tempo já passou, você já fez tudo o que tinha que fazer. E se não fez, bom meu querido, azar o seu. Você não vai ter outra chance e acredite em mim, eu estou certa.
     Mas que audácia a minha. Entro no seu espaço, digo o que você pode ou não pode fazer e nem me apresento. Uma falta de educação, perdoe-me. Muito prazer eu sou futuro, sua única certeza. A morte. Durma bem.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Quanto vale?

Será que vamos capitalizar até nossa boas ações? Quando alguém lhe pede algo, qual a primeira coisa que vem a sua mente? Pelo menos a maior parte das pessoas (incluindo minha própria pessoa), pensam em algo do tipo: "O que eu vou ganhar com isso?".
A ideia do capitalismo já está tão disseminada nas nossas mentes, que até nossos comportamentos mais solidários têm algum resquício dele. Evidentemente, existem pessoas que não se encaixam nesse perfil, porém essas são facilmente denominada pelas más línguas de "abestadas" ou bobas. (Se você não concorda, diga-me o que pensa sobre pessoas que vivem apenas para obras de caridade).
Expandindo essa ideia para um plano maior, cada vez mais as pessoas se veem como seres autossuficientes. Sendo assim, não precisam da ajuda de qualquer pessoa. Mas se fosse dessa maneira, meus caros, surgiriamos sozinhos no vácuo.
Vivemos em conjunto, sempre vamos precisar do auxílio de algo ou alguém, e não custa nada ser prestativo. Grande parte dos nossos problemas seriam solucionados apenas com boa vontade alheia. Isso vale desde a secretátia que não se dipõe a atender um cliente corretamente até um político que embarga uma obra por falta de propina. Se queremos constituir uma sociedade, que essa no mínimo seja social: do povo para o povo.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Ramiro Arthur "Madcap Laughs"

Saudações, venho aqui desenterrar essa resenha do querido Ramiro, da qual ele não gostaria de ser publicada por conter alguns erros. Portanto, só de pirraça, eu publico o post e ainda: deixo todos os erros intactos. Deliciem-se!

Caros velikeiros, venho hoje com uma missão difícil. Não tão difícil, porém, quanto à missão de alguém ao produzir o álbum de um artista com distúrbios mentais, estes causados por uma predisposição à esquizofrenia e excesso de drogas. Naturalmente, estou falando do ilustre produtor do álbum “Madcap Laughs”, e de sua estrela, Syd Barrett, o diamante louco do Pink Floyd. Quer saber o nome do produtor que conseguiu essa façanha? Aí vai:

David Gilmour; Malcolm Jones; Peter Jenner; Roger Waters.
A missão difícil a que me referia no início do texto, era a de resenhar um álbum como este. “The Madcap Laughs” é para mim, underrated. Primeiro, levando em consideração o estado mental de Syd Barrett, que não conseguia, algumas vezes, cantar a música em vocal pleno, gritando e desafinando como um louco (falei bobagem?). Segundo, pelo fato de seus produtores iniciais terem desistido de continuar o disco, visto o modo indisciplinado como Syd trabalhava.
O trabalho foi iniciado em Maio de 1968 com o empresário Peter Jenner, um pouco após a triste saída de Barrett da banda que fundou. As sessões eram curtas e produtivas (delas saíram canções como “Terrapin” e “Love You”), mas, apesar disso, o estado mental de Syd só piorava cada vez mais. Até que um dia se tornou impossível gravar, e o projeto ficou abandonado por quase um ano.
Em abril de 1969, Malcolm Jones foi encubido de continuar o projeto com o recluso Barrett. Dessa vez, as sessões não eram nada produtivas (delas saíram a bem-sucedida “Octopus” e “Feel”, considerada pelos críticos como uma reflexão desesperada do estado mental de Syd). O doidinho, cantando e tocando sua guitarra acústica, esquecia a letra da própria música, atropelava os ritmos, e conseguia, dessa forma, deixar os músicos de estúdio muito frustrados. Estes não sabiam o que fazer com um compasso de 4/4 que era trocado de repente por um 3/4. Foi adotado, então, o seguinte modo de produção: Syd gravava a música sozinho com voz e violão, e depois dos engenheiros e produtor tentarem a corrigir com sua parafernália tecnológica (que nem era muita coisa naquela época), os demais músicos a completavam por sobreposição.
Após várias sessões improdutivas, outros dois músicos foram chamados para ajudar na produção: David Gilmour e Roger Waters. Gilmour ensinou Barrett a tocar guitarra, e o substituiu quando este não podia mais continuar o Pink Floyd. Waters já era integrante da mesma banda, e se tornou o seu líder após a saída do diamante louco.
Deixando um pouco de lado a forma dramática como o disco fora gravado, e partindo para seu conteúdo em si, darei minha opinião final sobre este. Algumas pessoas dizem que Barrett foi um dos pais do progressivo. Sim, pode até ser verdade. Afinal, a troca freqüente de ritmos é algo comum no sub-gênero, e é o que, sem querer, ocorre aqui.
É indispensável para qualquer fã do álbum “The Piper at the Gates of Dawn”, onde o diamante louco mostrou todo o seu brilho. Para quem é apenas fã de psicodelia, vale a pena por ser agradável e por se tratar de uma verdadeira loucura. Barrett não perdeu sua linda voz, embora, dessa vez, ela não tenha sido tão bem-aproveitada. O seu talento continua aqui, neste que eu acredito ser um dos álbuns mais “suados” da história da música. Recomendo prestar atenção nas três primeiras faixas e em “Octopus”, uma canção que por si mesma vai se destacar.
Termino aqui minha postagem de hoje, desejando um bom dia a todos, e boa votação amanhã, dia de eleição. Até o próximo post :) Vote consciente.

Ramiro Arthur "Culinária Paraense"

Antes de mais nada, gostaria de explicar esse post. Estava vasculhando as coisas do veliko por aqui e vi que o Ramiro escreveu dois textos muito interessantes que não chegaram a ser publicados enquanto o mesmo ainda estava vivo (ê, brincadeirinha, ele só foi demitido). Portanto, começarei com esse excelente relato do nosso cotidiano amazônico, depois postarei uma resenha do Syd Barrett "Madcap Laughs".

Eu, paraense, venho hoje com um texto de cunho regionalista. Não falarei, contudo, das belezas naturais da Amazônia, da linda biodiversidade que encontramos por aqui, ou de como é legal dançar carimbó, embora estes assuntos realmente mereçam ser tocados. Como você deve ter deduzido pelo título, falarei sobre as comidas típicas do Pará. O texto que você vai ler, não tem a pretensão de ser um guia completo sobre comidas do Pará. É só o relato informal de um caboquinho empolgado, que toma tacacá até ficar empachado.
Começo, então, pelo meu preferido: o açaí. Você pode estar pensando neste exato momento: “Mas eu tomo açaí aqui onde eu moro”. É verdade, o açaí não é uma iguaria exclusiva do Pará. No entanto, eu não acredito que você possa achar um açaí tão gostoso, e tão rico nutricionalmente como o que nós tomamos por aqui. O açaí é uma frutinha bem pequena extraída do açaizeiro, e já se tornou um dos símbolos do Pará por sua alta degustação aqui. Depois que você o colhe, pode lhe despolpar e pronto. Pode pôr tapioca, pôr farinha d’água, pôr açúcar ou não pôr nada. Toma e bebe como um suco. O açaí é muito mais do que um fruto. Como diria Nilson Chaves, é sabor marajoara.

Além do açaí, que se pode tomar com camarão, com charque, enfim, como acompanhamento para qualquer refeição, tem o tacacá. O tacacá é, me arrisco no julgamento, uma das mais deliciosas comidas típicas do mundo. É nada mais do que uma mistura de tucupi (mais adiante falaremos de como é bom tomar com pato), jambo, goma de mandioca, e camarão. A iguaria, tomada numa cuia de madeira, é de um sabor único, que te deixa nos céus e depois te dá um choque nos beiços. Como qualquer coisa realmente boa, contudo, você tem que aprender a ver a beleza do sabor, e aprender a degustar como um paraense que assume suas origens indígenas (ou não). Temo que, para fazer isso, só sendo paraense, apaixonado por culinária paraense, ou especialista em gastronomia e sabores exóticos.
Tem ainda a maniçoba. A maniçoba é um prato de origens, novamente, indígenas. Mistura carne de porco, carne de boi, mandioca, arroz e pimenta à gosto. Se você é iniciante em culinária paraense, é melhor nem olhar pra esse prato ainda. Apesar de ser gostoso, ele passa má impressão pra quem não o conhece (Você já pensou em como um gringo reagiria ao ver uma feijoada?).
Não podemos esquecer do caruru e do vatapá paraenses, ambos de origens “baianísticas” e adaptados ao paladar dos cabôcos. Apesar da semelhança entre os dois pratos (quando eu era pequeno, confundia os dois), que se misturam com camarão e arroz, o bom apreciador saberá distinguir um do outro. O caruru leva jambo, camarão, quiabo, tomate, cebola, e pimentão em sua receita. O vatapá é feito de leite de coco, trigo, azeite de dendê, cheiro verde e até alho!
Agora, aproveitando a levada do Círio de Nazaré, um dos mais importantes eventos católicos do mundo, falarei sobre o pato no tucupi. Para quem não sabe, a iguaria é, tradicionalmente, muito consumida nesse período do ano por aqui. No segundo domingo de Outubro, a família paraense se reúne para comemorar o evento, e adivinha o que tem por lá? Além de muito açaí, tacacá, vatapá, caruru e maniçoba, tem o bendito do pato no tucupi. Se ainda não ficou muito claro ainda, o tucupi é um molho de cor amarelada extraído da mandioca. O pato é assado, banhado no tucupi, e finalmente devorado em sacrifício do evento.
É isso aí, o recado está dado. Se você não é paraense, e tiver oportunidade de experimentar uma de nossas iguarias, não a desperdice. Tenho certeza de que será uma bela experiência, e de que vai lhe acrescentar mais cultura e conhecimento gastronômico. Se você é paraense, recomendo que veja a foto abaixo e corra à tia do tacacá mais próxima!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Um tiro no escuro

Era um dia ensolarado naquela pequena cidadezinha cujo nome não importa. Basta você saber que era o tipo de lugar onde todo mundo se conhece, e tudo que você faz tornam-se comentários (na maioria maldosos). Nessa cidade tinha apenas uma escola. Voltada aos velhos costumes, com irmãs ditando o que se aprende e o que não se aprende. Em uma turma que se equivale a nossa quinta ou sexta série, um grupinho de amigos pintava e bordava pelas redondezas.
É sério, todo mundo sabia quem eram os garotos e, se algo errado acontecia, era culpa deles. Importunavam as igrejas, supermercados, casas de velhos, etc. Aliás, falando em casas de velhos, tinha uma em especial em que eles adoravam invadir para roubar coisas e pixar as paredes: o lar do velho Zé. O tal do Zé já era um velhinho beirando os oitenta anos e nada pudia fazer com os moleques, já que eles entravam na casa quando o mesmo ia pescar ou algo do tipo. Decidido a mudar o quadro de infortúnio de sua terceira idade, resolveu comprar uma espingarda. Não contou para ninguém e guardou a espingarda bem escondida, para que os moleques não a encontrassem. E avisou muito bem avisado: da próxima vez que eles entrassem lá, iam sofrer as consequencias.
Claro que esses garotinhos ouviam isso toda vez que infernizavam alguém. Já era de praxe. Não deram bola ao Zé, que nas suas opiniões não passava de um velho babão, e entraram mais uma vez na casa do homem, afinal ele estava curtindo sua pesca de quarta.
Entraram excitados, arrombaram a porta com tudo. Mijaram nas paredes, defecaram no aquário, penduraram o cachorrinho do segundo andar. Tudo que se possa imaginar de ruim. Até que, eles ouvem o barulho da porta da cozinha se abrindo. É o velho Zé, que voltou mais cedo. Decidem se esconder atrás de uma estátua bem grande de um velho filósofo (talvez Aristóteles, não sei). 
O velho Zé foi caminhando bem devagarinho, sem alarde. Quando passou pela estátua, os garotos saltaram por trás do idoso e se atracaram nele como se não houvesse amanhã.
Ouviu-se um estrondo.
Sem querer, o velho apertou o gatilho e acertou sua própria cabeça.
Os garotos, banhados de sangue, ficaram calados por um momento. Depois, rompem em gargalhada. Afinal, não era irónico? Qual o peso de uma morte, afinal?

A entrevista

      O despertador tocava todo dia exatamente às 6:30 e naquele dia não foi diferente. Paulo acordou desesperado, afinal, depois de 6 meses conseguira uma entrevista. Sua mãe o havia advertido que a área de publicidade e propaganda era muito concorrida, mas Paulo não resistia a um desafio.
       Levantou-se. Tomou banho. Tomou café. Deu ração ao cachorro. Despediu-se de sua mãe e desceu os dezesseis andares até a garagem para pegar o carro e sair, numa tentativa provavelmente fracassada de arranjar emprego.

       A D&A Company não era tão distante do seu apartamento mas o trânsito estava excepcionalmente caótico naquela manhã. Paulo pegou um desvio e em 15 minutos estava ele lá, na frente do possível futuro emprego.
      Atravessou o hall com a ansiedade de um principiante. Chegou à recepção e a moça getilmente o encaminhou à sala de entrevistas. Já havia outra pessoa sendo entrevistada então Paulo sentou-se em uma das cadeiras que havia na frente da sala e aguardou pacientemente sua vez. Dentro de poucos minutos saiu uma moça aos prantos da sala do entrevistador. A ansiedade de Paulo que já era tamanha elevou-se ao cubo mas mesmo assim ele decidiu prosseguir com aquela tortura.

      Entrou na sala e lá encontrou um senhor de meia idade e feições afáveis. Isso tranquilizou-o um pouco. Então começou a epopéia.
- Senti-se meu rapaz e conte-me um pouco da sua história.
      Paulo sentou-se apressadamente.
- Boa tarde, senhor. Meu nome é Paulo Neto. Tenho 25 anos e há 2 terminei a faculdade de publicidade e propaganda. Já passei por outras empresas...- Paulo prosseguiu falando todo o seu currículo.
      Depois de quase 10 minutos de discurso Paulo terminou tudo o que tinha preparado para falar mas algo parecia não está transcorrendo bem, o entrevistador não transparecia nenhum sentimento: nem o de aprovação, nem o de reprovação. Houve uma pausa constrangedora e então o entrevistador prosseguiu.
- Bom meu rapaz, diante de tudo que foi dito aqui terei de fazer-lhe três perguntas. Se você as responder de modo satisfatório eu o empragarei, está certo?
      A tensão tomou conta do lugar e foi notada facilmente na expressão temerosa de Paulo ao responder, de forma afirmativa, com a cabeça.
-Em primeiro lugar. Quem é você?
- Como disse anteriormente, eu sou Paulo
- Não, meu caro. Eu perguntei quem você é, não qual seu nome. Tente novamente.
- Eu sou é... sou... um publicitário desempregado.
-Não, você não entendeu. Não perguntei o que você faz ou qual o seu estado, apenas o que você é. Vamos tentar outra pergunta.
      Uma chance havia sido queimada. Paulo agora tentava se concentrar nas próximas duas perguntas, sem sucesso.
 - Numa empresa temos que fazer escolhas, em qualquer situação  escolhemos o que nos é preferido. Você é o favorito de alguém, Paulo?
-Não sei ao certo... Sim, sou.
- De quem?
- Ao menos da minha mãe.
- E se sua mãe tivesse um empresa e optasse por empregar você, ela seria imparcial?
- Não.
- Temos um impasse.
      Mais um "x" foi marcado na ficha de Paulo, áquela altura todas as esperanças já haviam se esvaído.Havia uma última chance, porque não tentar?
- Paulo, você deseja prossegir?
- Se possível.
- Essa é a última pergunta então preste atenção. Você se acha capaz?
      Que espécie de pergunta é essa? Como ele poderia responder a algo do tipo se a poucos minutos ele havia descoberto que não sabia quem era ou se era o favorito  de alguém? Essa realmente seria a última pergunta e Paulo respondeu com um simples:
-Não, senhor.
      Paulo levantou-se e foi embora sem esperar as útilmas considerações do entrevistador. Pegou o elevador, foi até o último andar do prédio, olhou a paisagem e jogou-se. Era o fim de uma carreira promissora, era o fim de um homem que foi derrotado por palavras.
       No dia do enterro havia choro, havia vela. Mas também havia um distinto senhor de meia idade, o intrevistador, doutor Jaime Freir, renomado psiquiatra e gerente de recursos humanos da D&A. Ele foi o último a prestar suas considerações ao morto. Ao deixar o túmulo pôs no local um bilhete que dizia assim: "Aqui jaz um homem que tentou, e o único que conseguiu chegar a terceira pergunta. Pena que não viveu o suficiente para ser empregado."



Moral da história: Estaja preparado pois a vida pode tentar acabar com você e o reconhemento pode vir tarde demais. Mas antes morrer evoluindo do que viver no previsível.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Uma palavra sobre religião e ética

Recentemente li uma entrevista onde um filósofo expõe sua ideia de que um mundo sem religião, seria um mundo melhor. Ele toma como exemplo os mulçumanos, que submetem as mulheres a situações humilhantes (para os nossos valores). Então fiquei me perguntando daonde ele tirou esses valores para dizer que os mulçumanos humilham suas mulheres? Dos Direitos Humanos, certo? E me responda agora leitor, daonde vêm os Direitos Humanos? Do cristianismo, é claro.
Claro que esse filósofo tem muitos anos de estudo e pesquisa além de mim, portanto quem sou eu pra desbancar sua teoria. Entretanto, não vou ficar calado enquanto tiver algo a falar, por mais que tenha menos autoridade e menos voz que o rapaz, não vou deixar minhas ideias obliquas quanto as dele. Digo, há milênios tem sido assim, religão, cultura e ética andam de mãos dadas. Então, porque alguém tem que chegar e estipular que não! Essa fórmula pode ser quebrada, tire religião e bote ciência. Depois que o motor estiver funcionando, cultura some também. Aí, meu amigo, bem vindo ao admirável mundo novo.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Descanse em paz.(se puder)

Então... Vamos a começar pelo começo, uma breve introdução sem mais delongas. Primeiro, eu gostaria de agradecer o convite do Mateus (o qual tomarei a liberdade de chamar apenas de Chefe a partir de agora) pra alguns contos, crônicas, monólogos, resenhas, toda e qualquer coisa. Quanto a mim, bom, não há muito que falar então vamos ao que interessa.
Pensei em centenas de tópico de aparente relevância (tudo pra convencer o Chefe). Desisti. Mas tem uma coisa que anda me encafifando há um bom tempo. Certo dia, andando pela Bráz de Aguiar foi me batendo algumas dúvidas do tipo que se tenta explicar mas acaba caindo numa próxima pergunta, desse modo gostaria muito que vocês me ajudassem nesse empreitada. Afinal de contas, por que existem tão poucas lojas especializadas em produtos pra terceira idade? Por que quando elas existem são produtos cafônas ou medicamentos? Quer dizer que velho só serve para morrer?
Partindo desse pressuposto achei que teria que encontrar um motivo razoável para explicar cada uma dessas perguntas, não consegui. Tempos atrás éramos educados para cuidar dos nossos antecessores para que eles tivessem uma final de vida tranquila e descente, hoje somos educados a matá-los (mesmo que não fisicamente, ao menos moralmente) e por fim ficar com o resto dos seus pertences justificando que um dia aquilo seria nosso de qualquer maneira. Que sociedade brilhante nós criamos não?
Não sei vocês, mas eu não pretendo virar uma amontoado de ossos e pele, jogado num cubículo, esperando o próximo remédio. Quero ter experiência de vida, quero tomar conta do meu próprio nariz, quero rir da cara bobos que pensam que apenas uma boa ideia resolve todos os problemas da humanidade, não quero ser apenas uma criança grande. Não posso falar por esse senhores e senhoras sem identidade, não vivo esse desrespeito pois ainda não tenho idade pra isso.
Sei que a minha hora vai chegar, sei que essas palavras nem mas ecoarão na minha memória. Mas se esse falatório todo servir para você, que está lendo, dar pelo menos um beijo na testa de sua avó(o) esta semana e ouvir as milhares de coisa que esse ser tem a falar, já me sentiria bem melhor.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Grupos sociais (?)

Sabe, acho uma bobagem quando alguém resolve inventar uma fórmula que se encaixe em todo tipo de situação. Salve as ciências naturais, pra mim isso é inadmissível, já que remete ao famigerado positivismo. Mas bobagem maior seria simplesmente ignorar um interessante pensamento que me foi instigado, por mais que ele circunde a área das ciências naturais para chegar às ciências sociais. Ou não? Ou esse conceito de "positivismo" é frágil, supondo que hoje mesmo nas ciências sociais ainda é um conceito utilizado, ainda que sutilmente? Enfim, vamos deixar essa história de lado e desenvolver o raciocínio principal.
A partir de um motivo (aparentemente bobo) é possível chegar em conclusões extraordinárias. Sempre acreditei nisso, mas agora sinto que cheguei à conclusão final, a resposta para todas as perguntas, o sentido do universo. Ok, talvez não seja o sentido do universo, mas digamos que seja a mecânica social do universo. Sem mais enrolações, vou lhes explicar. 
A todo momento, em todo lugar, as pessoas se dividem em quatro grupos. As vezes uma pessoa pode estar em vários grupos ao mesmo tempo, ou mudar de grupo com o tempo. Apesar da simplicidade do número, se você pensar bem é verdade. Tomamos como exemplo um grupo de pessoas "A". Esse grupo "A" começa a usar boné verde. Não se sabe muito porque, mas eles começam a usar e divulgar a moda para os outros. Claro que tem um motivo por trás, mas isso você descobre sozinho. Um grupo "B", que acha que pode ser o grupo "A", ou acha que já é, ou simplesmente venera-o começa a usar o boné verde. Talvez o boné nem seja muito legal, mas mesmo assim, se essa é tendência, é melhor segui-la.  Então um grupo "C", por não ter a oportunidade de ser do grupo "B" nem "A", já que esses grupos não estão nem aí para os "Cs", não usam o boné. E ainda falam mal do acessório só pra contrariar os outros grupos e se fazer de diferenciados. Talvez chamar a atenção da sociedade. 
Mas aí, nós temos o grupo "D". Do tipo de pessoa que tem opinião formada, cultura, acesso. Eles pensam a respeito e chegam a conclusão que esse boné verde é só uma jogada de marketing esdrúxula. Então simplesmente não usam.
Espero que vocês, leitores do Veliko, sejam desse último grupo. E se, vocês, do grupo "D", puderem imaginar algum outro grupo, ou alguma situação em que essa lógica não se encaixa, comente abaixo, gostaria de trocar uma ideia.


Nota: desculpem-me pelo desfecho brusco, depois ajeito qualquer coisa (: