quinta-feira, 7 de abril de 2011

Psycho Killer

Um rapaz entra numa escola e mata um monte de aluno. Bacana, já viram o filme "Elefante"? É a mesma história, só que da última vez aconteceu nos EUA. Agora que foi no Brasil, o pessoal está em polvorosa, principalmente os jornais, botando o assassino numa verdadeira "hora do ódio". Vejam, a bruxa, que tem umas ideias diferentes da Igreja é exposta em praça pública para todos verem ela queimar na fogueira. Isso na Idade Média. E hoje também. Vamos lá, tentar explicar a "bruxa do século XXI".
Não sei direito quantas pessoas ele matou (como se isso importasse), nem vou entrar no mérito de dar uma razão pra ele. Digo, todos nós somos uns fumados. Não somos rockstars, nem modelos, nem nada do que nos dizem que podemos ser. Mas tudo bem, levamos a vida pra frente, porque estamos condicionados a isso. Desde a nossa infância, você sabe, você foi educado conforme as regras. Mas não é um absurdo afirmar que essas regras são válidas pra todo mundo? Sempre vai existir um outro que não se adapta.
"Culpa dele", "Prende ele", "Fogo nele". A verdade é que a sociedade não consegue e provavelmente nunca vai conseguir abrigar todo mundo do jeito que é.
O rapaz, dentro do mundinho dele é considerado um herói, que nem o Alex DeLarge, do "Laranja Mecânica", por exemplo.  Ele só caiu na real, viu que era um zé ninguém, um fumado, com AIDS, vítima de um mundo frio e distante. E ficou puto, muito puto com isso: encontrou na matança o melhor meio pra mostrar que não era só uma vítima, um pobre coitado, e ainda fez questão de mostrar pra todo mundo, porque aí que estava o ponto. Aí sim, chocou a tudo e a todos, virou as coisas de cabeça pra baixo e infelizmente, alimentou a ignorância que ele tanto lutou contra.
No final das contas, somos todos parte de um grande saco de merda que espera o caminhão de lixo nos levar. De vez em quando, algumas pessoas tentam mudar isso, só que cada uma do seu jeito. O meu conselho é: pare de apontar esse seu dedo gordo nas pessoas que são diferentes de você, porque isso é o que a Igreja fazia lá na Idade Média com as bruxas. E parem também de tentar resolver tudo com presídio, manicômio e pena de morte.

16 comentários:

  1. Elefante é um ótimo filme, e um dos meus favoritos. Quando vi no noticiário logo lembrei.
    Crítica digna.

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  2. Primeiramente, parabéns pela excelente sacada sobre o tal fato e o título Psycho Killer. Então, apesar de nos esforçarmos para conseguir um mundo melhor, um cidadão não é responsável pelos atos de outro. Desta forma, posso afirmar que uma laranja podre consegue estragar o suco inteiro. E pensar que fizemos prova de Sociologia hoje, e aparece um indivíduo desses, e me faz uma coisa dessa.

    P.S.: Apesar de não estar acostumado com esta versão. Psycho Killer continua sendo uma música incrível.

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  3. Então, seu ponto de vista, com toda essa loucura que aconteceu, que devemos deixar por assim mesmo, que ele teve seus motivos para matar aquelas crianças? talvez tivesse, não o conhecia.
    A mãe que mata os dois filhos pequenos a facadas e depois ata fogo neles; O homem que estupra uma criança de dois meses; A filha que mata os pais à facadas; O pai que joga a filha pela janela; O marido que espanca a mulher...
    Vemos isso todo dia, e mesmo assim devemos deixar pra lá?
    Eu quando vejo isso vejo uma certa impunidade no ar. Quem mata, estupra, bate... deixa na vida da vitima um dano psicológico, em que ela levará pela vida toda. Não adiantará milhares de reais gastos em terapia, a pessoa apenas vai aprender a conviver, e não a esquecer.
    Acredito que conceitos mudam, sim. Como roubar a igreja, ninguém roubava antes, por uma questão de respeito, hoje já roubam. Por uma questão de fé, de necessidade, falta de atenção? talvez.
    Cada um que conviva com seus danos, mas não envolva os outros nisso.

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  4. muito bom o post, esse caso me fez pensar sobre o objetivo do homem...entrar pra historia , de certa forma é isso que faz a gente levantar todo dia e as vezes matar crianças.
    muita saudade de escrever nesse blog

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  5. Muito bom, eu concordo com vc em certos aspectos. Pois ele é responsável pelos seus atos, ele poderia estar ciente do que fazia ou não, mas por meio das duvidas ele não devia estar muito bem na hora em que praticou esses atos terríveis. Se ele queria se aparecer , de certa forma, não deveria ter feito isso pq matar crianças inocente, que poderiam não ter nada a ver com isso não e certo. E realmente ele e o espelho do desprezo da nossa sociedade, ele pode ser mais uma vitima dessa nossa sociedade.

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  6. Muito bom!
    Sabe o que eu descobri? Que a mãe dele tinha transtorno maníaco depressivo e já havia tentado se matar. Em países desenvolvidos, existem pessoas especialmente designadas pelo Estado para supervisionar estas crianças, com acompanhamento psicológico, etc, e tentam o máximo que podem para evitar que estas crianças venham a desenvolver esta característica genética que pode ser hereditária. Mais uma vez, parece que o governo do brasil tem um pouco de culpa no cartório. Quando ele ainda estudava na escola, era classificado pelos adultos no local como um menino normal, que ficava "na dele". Então, quer dizer que se ele não batia em ninguém, e não atrapalhava a aula, então ele não era problema. Ora, ora, ora...
    O grande problema é que, se no Brasil a saúde básica pública já está em condições tão deploráveis, o que há de se pensar da saúde mental? Só o que eu sei é que ela é negligenciada não só pelas autoridades responsáveis, mas também pela população, já que se vê por aí chamar de doido alguém que consegue comer um halls preto e beber água gelada em cima, mas se chama de assassino frio e cruel uma pessoa que nada mais é que uma vítima, tanto de uma condição genética propensamente desastrosa, quanto da sociedade, e que já havia perdido o controle de si mesmo e de suas ações. Não é óbvio para vocês que ele sofria bullying, e que foi por isso que ele resolveu justamente atacar à escola em que estudava? Qual vítima de bullying nunca quis "dar uma lição" em seus agressores? Pois é, foi isso o que ele acreditava estar fazendo, mesmo não sendo aquelas as crianças que o maltratavam. A diferença entre ele e as outras crianças é só essa doença, que apagou da cabeça dele todas as inibições e os medos que a criança tem de ser repreendida.

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  7. Ok, concordo em algumas partes. O assassino pode ser uma vítima da sociedade sim, mas existe uma coisa chamada densidade de direito. O "direito" do cara de ter uma doença psiquiátrica, oferecer certo risco pra sociedade, mas ainda assim estar inserido nela pode ser ferido em detrimento do direito daquelas crianças ao maior de todos os direitos, que é o da vida. Acredito que o sentimento de exclusão que ele tinha ia além da exclusão que a sociedade pratica em si, mas também atingía níveis de doença psiquiátrica mesmo, portanto uma somatória de fatores que dificilmente seriam impedidos. A não ser que houvesse, como dito, uma política de manutenção de saúde mental que fosse acionada desde a infância do cidadão, mas nós sabemos que isso não existe aqui no Brasil. E sim, a sociedade tende á "excluir" quem poderia vir a prejudicar os componentes da mesma, quando o comportamento "fora do comum" é irreversível. É uma questão de controle social, e sempre vai existir. Enfim, se o assassino não tivesse se matado, não haveria outra saída segura pra sociedade senão as clínicas psiquiátricas.

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  8. O que eu critico Maíra, é o uso das clínicas e tudo. São as saídas mais fáceis, as mais racionais, seguras pra sociedade. Mas eu acredito que 99% das nossas ações têm como base nosso ambiente. Pouquíssimas são as vezes que agimos "imparcialmente". Eu acho que as pessoas que agem de forma inaceitavel pra sociedade tem uma explicação pra isso, e isso não a faz certa ou errada. Só acho que essa explicação devia ser aceita melhor pelas pessoas, as pessoas deviam entender melhor como funciona o espectro das ações humanos, como diz o Donnie (hehe). Não é simplesmente levar a uma clínica e tirar aquilo dele. Mas o que fala é muito interessante, de acompanhamento desde a infância, já que é algo que se desenvolve e tudo.
    Enfim, é complicadíssimo encontrar uma solução, porque temos que olhar os dois lados: o humano, que é o do rapaz, e o bem de todos, que deve ser preservado. Eu queria que todos pudessem ser como são, mas isso é impossível numa sociedade, no fim das contas.

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  9. O que nós estamos tentando fazer é apenas entender o outro lado da história, em vez de só julgar, como todo mundo está fazendo. Afinal, é muito mais fácil olhar para a capa de um livro e dizer que este é ruim ao invés de realmente lê-lo e interpretar o que ele diz, antes de fazer o juízo de valor. Se os leitores acham ruim este posicionamento, bom, então porque ler este blog cuja função é justamente dar uma opinião diferente da do senso comum? Desculpem a franqueza, mas se quiserem ler que ele era só um terrorista/assassino/psicopata, o lugar para vocês é esse:
    http://www.globo.com

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  10. Mateus, eu entendo o que tu dizes, e como disse, até concordo em algumas partes, mas acho que é uma visão um pouco onírica das coisas. O que eu explicitei foi só uma tentativa de analisar tudo isso de forma mais realista, levando em conta o contexto da sociedade na qual estamos inseridos hoje, esta sendo justa ou não. Mas de qualquer forma, é válida a tua análise a partir desse ponto que falaste.
    E acho que só pelo fato de uma pessoa ler um blog, não significa necessariamente que ela deva concordar com tudo que está escrito nele, não é mesmo? Senão, a alienação se faria presente em ambas as partes. Leiam este blog, que é muito bom, mas não saiam por aí concordando com tudo o que está escrito aqui. Analisem posicionamentos distintos, tentem entende-los igualmente, e formem suas próprias opiniões, é isso aí galera.

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  11. Quer dizer que não se deve julgar esse ato insano e vê-lo apenas como um acontecimento promovido por alguém que pensava diferente e, portanto,aceitar e banalizar esse tipo de comportamento?
    Opinar diferentemente do senso comum significa justificar esse tipo de comportamento?
    Penso ser muito interessante instigar e polemizar o assunto fora do senso comum e que esse espaço pode ser um instrumento que promova o debate com responsabilidade.

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  12. Eu aceito e banalizo o comportamento dele. Não que eu não me importe com a sociedade mas, em meu ponto de vista isso poderia acontecer com qualquer um, até comigo. E as pessoas um dia tem que morrer. Ele era um ser humano afinal.

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  13. Bom, estou feliz de termos tantos comentários (relevantes). Só queria deixar claro que na minha opinião, ninguém tem culpa do que faz em 99% do tempo, é tudo resultado das nossas experiências anteriores. Abraço

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  14. Concordo com o Mateus, e também acho que nenhuma das nossas idéias é totalmente nossa, sempre começamos a pensar em alguma coisa por causa de uma semente qualquer.

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  15. Um belo dia acontece de você acordar e sair matando algumas crianças usando como justificativa a exclusão que a sociedade lhe fez por fugir das CNTPs. Entretanto o meio só condiciona o ser até certo ponto, por isso qualquer ato que façamos pode ser controlado e medido. "Penso, logo existo" é isso que nos faz humanos e alienação alguma pode ser capaz de tirar nosso discernimento do direito alheio a vida.

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  16. Esse último comentário (feito as 3 da manhã hehe) vai de encontro com a o que eu disse, mas convenhamos: esse "discernimento" também é condicionado, não é, amigo? Afinal, é o tipo de discernimento (o da vida) que difere em vários lugares no mundo. Então, não é algo nato do ser humano, como diz os Direitos Humanos, por exemplo.

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