sábado, 23 de abril de 2011

O Bem Amado de Guel Arraes


Olá! Na boa? Olha, não que isso importe, mas eu tô ótimo. Ressuscitado em pleno sábado de aleluia. Estava cá eu com minhas confabulações e notei que nunca foi resenhado aqui um filme brasileiro. Que triste, não? Pois é, então vou acabar com isso porque o Brasil tem sim muita coisa boa. E coincidentemente assisti um filme sensacional esses dias.

O Bem Amado, originalmente, era uma novela – por mais incrível que pareça, da Globo – que foi censurada nos tempestuosos tempos da ditadura militar. E se foi censurada, é porque algo não convinha com os pensamentos fascistas dos militares. E se não convinha, é porque, provavelmente, os criticava de alguma forma. E se critica o governo de forma é inteligente, é bom.

O filme nos passa de forma muito hilária – humor é o ponto forte do cinema nacional – um simpático e engraçadíssimo político, interpretado por Marco Nanini (o Lineu de A Grande Família) que é repleto de peculiaridades que fazem dele um personagem memorável. Talvez você, como eu fiz à princípio, vá com um pé atrás já que seu personagem de longa data na telinha não é lá muito legal. Mas apenas alguns minutos são necessários para sacar o incrível personagem que o ator criou.

Voltando à história, temos de início um enredo simples, onde a bela e pacata cidade de Sucupira tem seu prefeito assassinado por Zeca Diabo (José Wilker, que por sinal está muito bom no filme) e no funeral do próprio, como todo bom político, Odorico (Lineu, ou melhor, Marco Nanini) aproveita o fato de que todos precisam caminhar até outra cidade para enterrar seus entes falecidos para fazer um discurso que o levará a assumir o cargo de prefeito: prometeu que seu maior projeto será o “construimento”, como ele mesmo fala, do grandioso cemitério sucupirano.

Após mostrar os caprichos que um “bom político” faz para terminar sua obra (desde aí já começa a se explicar o fato de a novela ter sofrido censura) só é necessário uma única coisa para a inauguração da obra: um morto. Como a cidade é pequena e sem violência, ninguém morre. E daí uma deliciosa trama envolvendo guerra política entre prefeito e oposição (também mostrada como corrupta, onde, no fim das contas, tem políticos tão bons quanto os outros), um casal gente boa, e o desenrolar de várias situações envolvendo personagens sensacionais, como o braço direito do perfeito (Mateus Nachtergaele) as 3 cajazeiras e o bêbado.

E toda essa confusão, regada a humor, armada por Odorico para conseguir seu morto reflete diretamente no regime militar imposto no Brasil. Quem diria que isso aconteceu por causa da cidade de Sucupira?

Sem dúvida, um filme que deve ser visto.

Feliz páscoa, ou nascimento de Jesus... ou morte... bom, não entendo disso. Enfim, seja feliz nesse feriado que tem algo a ver com nosso querido hippie Jesus Cristo. Até mais.

3 comentários:

  1. Certa vez assisti uma entrevista em que o repórter tentava fazer uma comparação entre a qualidade dos filmes nacionais e os produzidos nos states. Lá pelas tantas o entrevistado afirmou o seguinte: aqui no Brasil a gente produz 50 filmes/ano e exigem que todos sejam bons. Nos EUA se produz mais de 10.000 filmes/ano, a grande maioria uma completa porcaria, e somente uns 10 podem ser considerados bons e ninguém reclama. Nossa produção cinematográfica tem melhorado e muito. E é muito bom saber que o blog definitivamente se abriu pra debater o assunto. Parabéns!

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  2. muito bom mesmo, o filme e a postagem. O cinema brasileiro precisa ser mais valorizado por nós, não pela obrigação mas por mérito, pois temos sim mta produção boa que merece ser vista. parabéns!

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  3. Eu que loquei esse filme e o Lucas e o papai viram sem mim ¬¬

    Ainda verei! 0/

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