O que acontece quando uma das maiores bandas de rock'n'roll de todos os tempos é exilada da Inglaterra e se tranca numa mansão no interior da França, com suas fichas criminais sujas e devendo uma grana? Bom, o jeito é compor algumas canções de blues no porão e ver no que dá. E assim nasceu a obra-prima dos Rolling Stones, "Exile On Main Street".
Este álbum duplo tem um som mais "caseiro", a mixagem dos instrumentos é de cara meio estranha, parece mais ter sido gravado nos anos cinquenta. Por exemplo, repare que a voz de Mick Jagger fica apagada ao lado do som todo, o que dá um toque especial na sonoridade dos Stones. As músicas gravadas na França (em Nellcôte) são as melhores: têm um ar melancólico de um blues regado a álcool e fumo, com gaita, piano e tudo mais. Ouça "Sweet Virginia" e "Loving Cup" para saber do que estou falando.
E é justamente por todas as cagadas em que os Stones ficaram marcados nessa época, é que foi feito a melhor coisa que as pedras que rolam já conceberam no mundo do rock'n'roll. Tudo o que a banda representa, tudo o que a banda criou com o passar do tempo, o estilo de vida rockstar; está tudo aí, nos dois discos de Exile On Main Street. Um ode ao blues e ao rock de verdade (sem querer desmerecer os outros rocks, só quero dizer que esse é o rock mais puro), parado, ali, em 1972, como uma pedra que nunca foi lapidada.
Pra quem quer sacar esse rock de raíz, vale a pena comprar a edição remasterizada (do ano passado, se não me engano) na Saraiva ou algum lugar parecido. E se querem saber mesmo, esse é o único álbum que realmente vale a pena dos Stones. O resto, é resto. Mas Exile ficará pra sempre no nirvana do rock. Pena que depois disso a banda ficou lá, parada, tanto que hoje vive de shows com repertório antigo e relançamentos de discos.
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