domingo, 13 de março de 2011

Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno.

"... seria desejável ser ao mesmo tempo amado e temido, mas que, como tal combinação é díficil, é muito mais seguro ser temido, se for preciso optar". Maquiavel, pag. 88.


   Lendo O Príncipe, dentre tantas passagens verídicas e plenamente aplicáveis, me deparei com tais palavras. Permaneci horas e horas tentando provar, a mim mesma, que isso não passava de mais uma proposição advinda da cabeça de um gênio. Mas apesar de terrível, essa é mais uma das verdade que não conseguimos digerir junto ao desjejum matinal.
   Por que é melhor ser temido que ser amado se, segundo os valores que nos são passados por toda vida, o natural seria o inverso? Oque me traz aqui não são o "amar", nem o "temer" poéticos e sim características instintivas humanas. Dessa forma, é mais fácil trair a quem nos ama, pois o amor é incondicional e mais cedo ou mais tarde quem nos ama (se realmente nos ama) nos perdoará. Já no caso da pessoa temida, procuramos agir com mais cautela por não haver laços afetivo, nem misericórdia quanto a possíveis retalhações. Mas há castigo maior do que o desprezo de quem nos ama?
   Bem sei que o livro se refere a conduta dos príncipes, porém, nada me impede de transpôr os ensinamentos para o cotidiano. Um exemplo clássico disso são pais severo (os temidos) e pais liberais (os amados): normalmente os filhos de pais severos cometem menos erros de conduta do que os filhos de pais liberais, assim, os magoando menos. Mas ouse perguntar qual dos dois filhos é mais feliz.
   Entre erros e acertos prefiro ficar no meio termo, mesmo que esse seja um dos caminhos mais longos para chegar aos meus objetivos. Nem só temido, nem só amado, respeitado já se faz suficiente.

Ps.: Estive afastada do Veliko por falhas técnicas do computador. O chefe não me demitiu, ainda.

Um comentário:

  1. Uma pena um post tão bem feito não ter tido nenhum comentário até agora.

    Enfim, muito bom mesmo. Maquiavel retratou muito bem o que a maioria dos grandes ditadores no mundo fizeram, desde os capitalistas, nazistas ou socialistas.

    Só não concordo com o que tu falastes dos filhos de pais severos e liberais: Eu creio que a longo prazo, os filhos de pais severos fazem muito mais merda que os de pais liberais, justamente por ter passado muito tempo sem fazer certas coisas e depois terem a oportunidade de fazer de uma vez só, na universidade, por exemplo.

    O certo mesmo é o meio termo: Um liberal-controlado.

    0/

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