sexta-feira, 1 de outubro de 2010

George Orwell “Revolução dos Bichos”


Continuando um novo segmento iniciado pelo Lucas em "1001 Discos Para Ver Antes de Morrer", resenho aqui Revolução dos Bichos, um ótimo e curto livro de George Orwell, mesmo autor de 1984. A história se trata de uma granja controlada por um homem tirano chamado de Jones, que trata seus animais com punições pesadas e opressão. Certo dia, um porco chamado Major chama todos os animais para contar-lhes um sonho, nesse sonho, não morariam humanos na granja, que seria controlada pelos animais. Assim surge a Revolução, em que os animais botam Sr. Jones pra fora e instauram um sistema denominado Animalismo, em que cada animal se trataria como igual e não haveria líderes para mandá-los fazer coisas nem tomar-lhes o que produzem. Se fores esperto, caríssimo leitor, é possível observar aí uma linha paralela ao famigerado Socialismo, aquele mesmo, do Che Guevara.

Orwell quer, com isso, fazer uma crítica não ao socialismo, mas sim à traição do movimento socialista na União Soviética, mais precisamente da Revolução de 1917. Apesar de após a Revolução (dessa vez abordo a do livro) o Animalismo ter funcionado perfeitamente, e a vida dos bichos ter virado um mar de rosas, não é o que se procede assim que a história se desenrola e os porcos, líderes intelectuais da granja, se tornam líderes usurpadores dos ideais do povo, enganando-os e traindo todos os mandamentos da Granja dos Bichos. Revolução dos Bichos mostra alarmantemente como a vida das pessoas comuns, os "animais inferiores", é facilmente manipulável pela sua ignorância e apatia quanto a quem realmente tem poder de escolha na sua sociedade: os porcos. Talvez acertadamente, Orwell escolheu para representar a elite dirigente os suínos. Quem melhor parar mostrar seres sujos, gordos e com mente liberal? 


A obra se torna extremamente deliciosa quando é possível entender quem cada animal representa. Por exemplo, Napoleão, o porco que lidera a Granja, exila Bola-de-Neve (o verdadeiro Animalista, que queria o bem de todos os animais), e depois constrói com a ajuda dos bichos (que já esqueceram Bola-de-Neve e o acha um inimigo), o Moinho Napoleão. Se você anda estudando geografia apropriadamente, palavras pipocam na sua cabeça: Stálin, Trótski e Stalingrado. Legal, não? É por essas e outras que Revolução dos Bichos, além de ser de leitura fácil e divertida, é de grande adendo cultural para quem quer entender mais sobre o assunto, e talvez, desperte o interesse no leitor, de tomar conhecimento de um dos mais importantes movimentos na história. Viva Napoleão! Ou não.

7 comentários:

  1. Muito bom, cara. Tenho que ler esse livro, despertou meu interesse profundamente. Uma curiosidade: O álbum do Pink Floyd "Animals" foi inspirado nesse livro. Só para deixar os velikeiros floydianos com mais vontade da leitura.

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  2. despertou muito meu interesse. vou ler esse livro assim que der, abração.

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  3. Cara, muito bom! Deu até vontade de ler esse livro! Só não entendi muito bem o que o Lucas tem haver, falando de discos contigo, falando de livros? É pq vcs dois fazem resenhas, é isso? Mas tá legal! 0/

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  4. É por quê o Lucas foi o primeiro a resenhar livros por aqui. Por isso dizemos que ele iniciou esse segmento.

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  5. Uma observação antes: o nome do livro é 1001 Discos Para OUVIR Antes de Morrer, e não "Ver" como é lido no texto. Enfim, texto muito, cara, e esse livro deve ser sensacional. Até porque o gênio Waters tirou daí um dos melhores álbuns da história...
    É isso, parabéns pelo post.

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  6. Lembrando, Ramiro, que apesar de o album "Animals" ter se inspirado no livro pra ser escrito, o que reparei em suas letras é que vai além apenas desse panorama de Stalin e tal e critica ainda politicos ingleses, diretamente, citando seus nomes.
    E também algo que poucos sabem é que Animals é uma crítica ao punk, que viu seu apogeu em 77. Enfim, Animals é mais uma prova da genialidade do grande mestre dos rockeiros socialistas, Roger Waters. Viva o rei!

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