quarta-feira, 25 de maio de 2011

Amores que Matam Pei Pei Pei

Quantas vezes você estava andando por aí, começou a tocar aquele bregão e passou na sua cabeça aquele pensamento "Mas que porcaria!"? A não ser que você goste de brega (mais especificamente o tecnobrega, que é a modalidade mais famosa atualmente), o ódio é geral quando está rolando essas músicas do povão na rua. Alguns dizem que é um gênero pobre musicalmente, outros reclamam das letras. Tem gente que diz até que deveria ser abolido das rádios! Vamos com calma, amigos. Deixa eu tentar explicar o que acho do brega (e da música, em geral).
Não vou tentar explicar como funciona a cultura do brega, até porque eu cresci longe do gênero (apesar de, como todos nós, já ter ouvido bastante por aí). Mas não foi porque fui criado ouvindo outras músicas que eu vou desmoralizar ou desmerecer quem foi criado ouvindo o brega, e gosta tanto de Príncipe Negro quanto eu gosto de Pink Floyd. A diferença entre ambos os artistas é simples: cultural. Para tal cultura, o Super Pop faz todo o sentido, enquanto, veja bem, Pink Floyd nem da minha cultura é, mas eu gosto bastante. Quem é que é mais lógico, o paraense que tem orgulho de ouvir música paraense ou o paraense que ouve rock inglês? 
Não estou dizendo que devemos "pagar pau" pra tudo que é nacional ou paraense, mas só estou dizendo que há uma cultura e que existem pessoas cultivando ela, queira você ou não. Brega une as pessoas, brega tem um poder social enorme. A diversão de final de semana de boa parte da população "papaxibé" é ouvir um bom tecnobrega curtindo com a galera. Não interessa se a música é toda feita no computador, ou se as letras são toscas, se tem gente que gosta, então é música. Respeite os outros, largue de ser etnocentrista. 
Pô, os Rolling Stones cantam "Start me up, start me up, you make dead man cum", e ainda tem gente que reclama do tecnobrega falar sobre os "Amores que doem, amores que matam". Abram a cabeça, existem milhares, milhões de culturas no mundo e cada uma tem seus adeptos. Qualidade musical existe sim, mas não é isso que define "qual é melhor". A melhor é aquela que você gosta, de qualquer cultura que seja.
Viva o brega

11 comentários:

  1. Se fosse o facebook: Curti.

    Já havia falado nisso lá no blog, há bastante tempo (inclusive é a segunda postagem mais clicada em toda a hirtória do Lasanha) e sem dúvida, merda por merda sou mais o brega que é daqui do que Pagode, Axé, Sertanejo, Funk e afins.

    Digam lá, se tivessem que escolher (não vale escolher se matar, Lucas), escolheriam Galera da Golada, Baby baby do mestre Justin Bibier ou E eu vou te levar, pra onde quer que vá, do Restart?

    Segue o link da postagem: http://migre.me/4DNO7

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  2. Esse foi o tema da minha ultima prova de redação :D

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  3. Ei, po. Pode crer, não da pra botar um botão de "Curtir" do facebook ai? Ia ser uma boa, né?

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  4. Adorei o tema e o post também. Apesar de eu não curtir o tecnobrega, vou lá fazer o "V".

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  5. Alexandre, como diria o meu amigo Ranger Rosa: égua, doido, eu escolho ficar surdo.

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  6. Acredito que boa parte das reclamações quanto ao tecnomelody não é quanto à musicalidade em si, mas quanto aos excessos dos bregueiros que, normalmente, põem suas potentes caixas no último volume. Eu, por exemplo, cansei de ter noites mal dormidas por causa do vizinho que mora em frente e faz um barulhão até altas horas.
    Gostei do texto relativista e aberto, apesar de continuar pensando que o apreço do povo por música pobre é resultado da boa e velha cultura de massas.

    P. S.: O que cultura musical tem haver com etnocentrismo?

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  7. Olá Ramirão, bom te ver por aqui (hehe).
    Sobre a invasão de privacidade é verdade, mas isso não é culpa do gênero musical em si, e sim um hábito que muitas pessoas tem.
    E não é música pobre, meu caro amigo. Tem feeling, tem emoção, pessoas dançam e piram ao som do brega. Não é so porque você não curte o som com a galera que é música pobre!
    Abraço pro Sr. Ouvinte de Música Rica (:

    P.S: Tudo a ver. Algumas pessoas ignoram outra cultura musical (como a do brega) e a acham tosca. Isso é etnocentrismo. Só porque somos classe média não podemos julgar o brega que é predominantemente da classe baixa. Embora a força desse gênero tenha ultrapassado barreiras de classes sociais e hoje você vê gente andando de carro classe A ouvindo brega. Então, beijo

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  8. O gênero em si não é culpado. E foi, de certa forma, o ponto de vista que eu apontei. Pra mim (e certamente para muitos), não importa se você ouve Beethoven, Deep Purple ou Lady GaGa, desde que saiba ouvir sem invadir a privacidade dos outros. Eu defendo que as pessoas reclamam quando toca um breguinha do bom não estão tão erradas (ninguém nunca se sentiu saturado disso?), mas que também não é culpa do gênero.
    Certamente não será música pobre em tal ponto de vista. Talvez não exista música pobre olhando por esse ângulo. Sendo sonoro e sendo curtido por um grupo social, não será. Quando disse música pobre, me referia à batida batida (perdoem meu trocadilho), às letras sempre de mesma temática (ou o eu-lírico feminino que tem fogo no rabicho, ou o lamento daquela pessoa que foi emocionalmente ferida, ou a autopromoção de DJ's e aparelhagens), à produção extremamente caseira, e assim por diante. Quer dizer, tecnicamente pobre. E veja bem que filosofar, segundo um francês chamado Gilles Deleuze, além de tudo, é a arte de criar conceitos (e ele estava muito errado?). Determinado tipo de música pode ganhar o conceito "tecnicamente pobre", mas não precisa ser ruim por isso. Nem precisa ser uma crítica negativa, eu penso.
    Bem, eu sempre tive como etnocentrismo a prática de uma etnia subjugar outra. Poderíamos criar uma palavra como "musicocentrismo" ou "artecentrismo" aqui nesse caso, mas não vejo como "etnocentrismo" pode se enquadrar no que você chama de "ignorar a outra cultura musical".
    Abraços pro meu amigo cosmopolita musical.

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  9. Um documentário que explora bem o tema é o Brega S/A, que mistura uma crítica séria com pitadas de humor aqui e ali, e mostra um lado do brega que muitos não conhecem. Recomendo!

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  10. Gostei muito do post, não tenho nada contra o brega, porque nunca tive muito contato. Mas concordo que as vezes pode ser um pouquinho chato, ainda mais quando estamos com muito sono (hehehe). O importante é saber respeitar, mesmo que você não goste. Concordo plenamente com o Nariz. (hehehe)

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  11. A tua observação é muito interessante. Não vejo motivo pra ter preconceito com tecnobrega(exceto pelos bregueiros que acham que todos são obrigados a ouvir as mesmas músicas que eles), mas também não vejo motivo adorá-lo. O ruim é que é o único tipo de música que o Pará exporta, sendo que tem muita coisa boa sendo produzida aqui. Mas temos que nos contentar em sermos conhecido pelo tecnobrega porque é "diferente". Fui em uma palestra de um comunicólogo uma vez, aqui em Belém, e ele disse "vocês são as únicas pessoas que não gostam de tecnobrega, o resto do Brasil acha isso fodástico". Mas é aquele papo "não concordo, nem discordo, muito pelo contrário".

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