terça-feira, 28 de junho de 2011

Woody Allen "O Sonho de Cassandra"

Os filmes do Sr. Allen são esperados ansiosamente todos os anos, e a expectativa nunca é frustrada conforme o renomado diretor e ator (embora não esteja exercendo essa última função com frequencia) usa uma fórmula consagrada: um elenco estelar, histórias do cotidiano entrelaçadas de forma sutil e claro, os diálogos deliciosos. Embora não seja um fã das obras do diretor, gostei muito do que  vi e o considero um dos grandes, talvez menos por experiência própria e mais por senso comum, mas saibam que metade das coisas que eu falo seguem essa linha (mentira, só um terço).

Em "O Sonho de Cassandra", o grande Woody Allen sai da sua zona de conforto e cria uma trama intrincada de suspense que não deixa nada a dever aos filmes atuais do gênero, que são tão chatos (falando do circuito comercial, pelo menos). Em linhas gerais, o filme trata-se de um assassinato. Os irmãos Ian e Terry, interpretados por Ewan McGregor e Colin Farrell, respectivamente, têm que matar um homem chamado Martin Burns (Phil Davis) a pedido do seu tio Howard (Tom Wikinson). A ideia do filme, mesmo, é botar em questão o peso de uma morte, e de algumas coisas das quais somos expostos e propostos a fazer na vida.

Os irmãos então ficam num dilema "daqueles": o tio sempre foi o amigão da família e emprestou dinheiro e fez favores para todos, enquanto seus parentes, menos endinheirados, só ficavam nessa posição de sanguessugas. Mas é claro que - parafraseando o filme - "família é família, mas existe um limite". Se eles matam ou não o tal do Martin Burns, só vendo o filme, mas o ponto-chave do filme nem está nisso, e sim no peso de um acontecimento, como um assassinato. Será que, dependendo das circunstâncias, matar alguém (ou fazer algo do mesmo cacife) é aceitável? Vemos no filme que o principal dos fatores é quem vai fazer o que: algumas pessoas podem reagir bem, outras não, mas que fique claro que haverão consequencias, e a vida de ninguém é a mesma depois de algo tão grande.

Woody Allen põe em alta essa questão de forma exemplar, misturando sua sutilidade natural com cenas de suspense e uma trama carregada emocionalmente, graças à, além de tudo, as atuações ótimas dos dois irmãos. Não que o resto do elenco se saia excelente também, mas Ewan McGregor e Colin Farrell dão um show, nos mostrando como uma relação saudável de irmão para irmão consegue se tornar em uma problemática sombria diante de um dilema tão complicado.

Altamente recomendado, embora não tão gente boa quanto os outros filmes do Woody, só diferente (:

Obs.: apesar de termos esfriado totalmente o Veliko Valovi, cuidarei para suprir a demanda de textos que vocês, queridos leitores, estão ávidos para ler. Podem esperar mais uma resenha de filme e um outro post interessante sobre videogames. Beijo

Nenhum comentário:

Postar um comentário