segunda-feira, 13 de junho de 2011

Crítica ao comunismo? Não sei.

Saudações fink ploydianas. Resolvi aproveitar o gancho deixado pelo Velikeiro Pai e o ex-veliko Ramiro para fazer esse post. Se você não sabe do que falo, leia os comentários do sincero Uma Conversa No Msn. Já leu? Ah, tanto faz, comecemos com o post em si.
Se engana quem acha que a minha proposta é mostrar algum lado negativo do sistema abordado. O que pretendo fazer é apenas envolvê-los em uma breve reflexão de intervalo entre as aulas que tive. E esse pensamento está mais voltado ao lado artístico, e, claro, é completamente especulativo e subjetivo.
Karl Marx, o barbudo da capa do Sgt. Peppers, nos mostrou um sistema sócio-econômico chamado comunismo que, pelo menos na teoria, é o ideal para a convivência terrestre. Nele todos somos comuns, temos igual acesso aos bens de consumo, plena liberdade de expressão e tudo o que teoricamente nos proporcionaria uma condição de viver felizes. Essa aula muitos de nós já tivemos, e, muito provavelmente, a você foi mostrado o comunismo em sua forma mais gente boa, ou, como eu disse anteriormente, como o sistema ideal para o ser humano. Partindo disso, alguns pensamentos começaram a se misturar em minha cabeça.
A ideia inicial que tive é a seguinte: o capitalismo, desde a sua forma mais primitiva, é impulsionado por inovações tecnológicas, e disso não temos maior exemplo do que os tempos que eu e vocês, meus queridos, vivemos. E justamente por causa dessa guerra tecnológica praticada pelos neoliberais pra que esses consigam cada vez mais competitividade no mercado, várias empresas - em especial a transnacionais e de grande porte - investem massivamente em pesquisas. E por último, essas pesquisas são o que geram as inovações que chegam ao mercado e em nossas casas todos os dias. Em uma sociedade comunista, onde a competitividade não mais seria importante, o mundo ficaria estagnado tecnologicamente?
Bom, a resposta que obtive, que aceitei e que vos mostro partiu da pessoa que deveria administrar o Lasanha Com Farinha, ou Guilherme Carvalho, ou meu pai (só pra dar uma alfinetada no Alexandre). Num mundo comunista, a produção em larga escala seria desnecessária, e, com o controle da mercadoria e dos meios de produção, o trabalhador não seria forçado a trabalhar diariamente por muitas horas. E provavelmente as coisas funcionariam como funcionava com os gregos. Com o tempo "ocioso", o cidadão teria muito mais liberdade para filosofar, produzir conhecimento e arte.
E então, meus caros, a última palavra do parágrafo acima se tornou a motivadora desse humilde post. Na verdade, o real motivo foi somente a ideia de pensar que se o mundo fosse comunista, eu nunca teria conhecido as obras do Pink Floyd, mas ignore isso.
Nessa mesma sociedade comunista, onde todos teríamos plena liberdade de nos expressar, inclusive astisticamente, esse mesmo meio artístico cresceria muito, exatamente como o que aconteceu na Grécia. Técnicas novas para todos os meios de arte manual, novos estilos musicais etecétera etecétera. Mas e quanto aos temas abordados?
A arte é reflexo da compreensão, "filosofia de vida", costumes e cultura de um povo. E agora me arrisco dizer: se a razão e igualdade social forem as bases que sustentam tal sociedade - como viria a ser num regime comunista -, ela teria diversas perdas no meio artístico, pois muitos temas perderiam a importância, validade ou mesmo não existiriam. Por exemplo, obras - que ao menos eu considero sensacionais - como Animals, The Wall e Dark Side Of The Moon do Pink Floyd, Taxi Driver, Fight Club e muitas outras perderiam a validade, afinal, pelo menos em parte, elas almejam uma sociedade que já teria sido alcançada. Tudo bem, essas já foram feitas, mas e as próximas gerações de uma sociedade comunista? Fariam arte sobre o quê sem ter o que almejar?
Está aí a problemática em que nos coloco. Claro, ainda existem inúmeros assuntos a serem expressados, entretanto, outros muitos não seriam. Por exemplo, alguns filósofos e pesquisadores defendem que se o homem se governasse cada vez mais usando a razão, coisas como a religião perderiam força por desafiarem o intelecto por afirmar verdades vindas da fé, sem validade científica (por favor, atentem-se à expressão "sem validade científica", isso não significa que as ignoro ou condeno). E colocando isso na questão da arte em uma suposta sociedade comunista, como ficariam os temas religiosos extremamente explorados desde os primórdios do homem?
Pois é, eu acredito que esses temas seriam quase perdidos e outros deixariam de poder existir. "Ha, então tu estás dizendo que o comunismo seria prejudicial pra sociedade?". Mas nem pensar. Independente dessa confabulação que tive e da extrema importância que dou à arte, ainda - até hoje, pelo menos - vejo (não em sua totalidade, que fique claro) que esse é o sistema mais gente boa que poderia vir a habitar a Terra. Talvez não... quem sabe?

18 comentários:

  1. Só poderemos saber se vivermos em tal sistema. Infelizmente isso demoraria séculos para se concretizar, e certamente não estaremos mais aqui para assistir esse espetáculo. Enfim... ainda acredito que muitas mazelas sociais existentes hoje não existiriam no comunismo.
    Bom, eu não sei se entendi errado o que você quis falar com o texto, mas acredito que nada perderia seu valor,e sim renovaria. Assim como é hoje em dia, só que atualmente nada se renova, tudo se fantasia. Acredito que se alguém realmente gostar desta ou daquela arte ela vai perdurar, pelo menos àquela pessoa. Como você disse, todos teriam plena liberdade de expressão. E quanto a religião, acredito que a razão está toda nela, embora quase todos os filósofos digam o contrário.
    Post MUITO massa. Parabéns.
    Por: http://quaddronegro.blogspot.com/
    Valeeeu

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  2. Perfeito. Um tema complicadíssimo a se discutir.
    Bom galera, com o tempo, foi-se criando uma imagem de que o Veliko Valovi é socialista e só ouvimos rock progressivo. Como vocês podem ver, estamos tentando destruir isso, conforme a nova política do blog vai florescendo.
    Beijo

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  3. Putz, excelente reflexão. fico feliz em ver pessoas dessa idade tentando olhar o mundo além da janela, mesmo estando servido por todo o aparato tecnológico à serviço do capitalismo.
    Mas com o que quero contribuir é que na sociedade ideal, no caso, o comunismo, em todos os aspectos da vida existiriam outras prioridades. O investimento em conhecimento, invenções tecnológicas, descobertas científicas, etc., teriam outras funções sociais e não a competitividade, a indústria bélica, a luta pelo poder. Assim a educação pública, penso eu, seria ampla, um leque de oportunidades e incentivo à produção científica,artística, cultural, enfim. Se nessa sociedade capitalista em que vivemos podemos contar com alguma diversidade artística, para todos os gostos, pela dedicação ou esforço individual de alguns que conseguem "se dar bem", imagino que em outra sociedade onde isso fosse colocado enquanto investimento prioritário, teríamos muito mais obras a usufruir. Ou seja, a produção artística, ou a boa produção artística, não depende, ou não deve depender, da desgraça da sociedade capitalista para ser boa. E as descobertas e inovações tecnológicas podem potencializá-las para melhor, em qualquer sociedade.

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  4. Fico feliz pelos 3 bons comentários. Quanto ao último, só tenho a agradecer. Não havia pensado que da mesma forma que tais "assuntos" podem deixar de existir, o grande estímulo seria como o motor para a criação de outros.
    E o Mateus falou certo. Pelo amor de Deus, saibam: eu não sou socialista e ouço coisas além de Pink Floyd =D

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  5. arrisco à dizer que no comunismo não haveria arte, só alguma coisa de reprodução cultural, ou melhor dizendo, artesanato. Sim, sem necessidade, só há reprodução. Mas aí você pode vir me dizer "mas na grécia eles produziram bastante, por causa do ócio" daí eu digo que eles tinham um conhecimento duvidoso sobre o que era a vida, o que era o universo e o que era o tudo mais. não que saibamos sobre tudo, mas já temos um método de adquirir conhecimento, que nos ajuda a viver, já temos um jeito de adquirir a verdade, de nos fazer compreender os nossos limites. Só não entendo por que fazer questão de saber a verdade. Desde que eu me sinta bem, em uma mentira confortável, tudo bem. O problema é que é desconfortante saber que meus semelhantes querem dominar até o ultimo rabo da terra só pra ter uns milhões de trocados(cadê o peso na consciência?).
    Tá, o importante do comentário é o seguinte: não haveria necessidade de criação de arte, já que muita coisa estaria em harmonia, e a arte é desconcertante. Como diz alguém que meu professor de sociologia cita(grande brito)"já nascemos em uma sociedade pronta". Daí eu não sei o que aconteceria com o ser humano. Ou ele seria um viciado em drogas(admirável mundo novo), ou ficaria de saco cheio de todo mundo ser igual e começaria o capitalismo de novo, Ou acontece algo parecido com anarquismo. A verdade é que eu me sinto muito melhor lutando contra algo, do que estar num saco de felicidade.

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  6. D:
    Meu amigo anônimo - que eu sei quem é, mas se tá no anonimato é porque quer se preservar -... que papo é esse? Uma sociedade que não retrata de alguma forma suas concepções, seja quais forem, talvez nem possa ser considerada uma. Como um povo poderia ser feliz, como foi dito, sem arte? Ela não existe como forma de "desconcertar" as coisas, mas sim como uma extensão espiritual e espacial de um grupo.
    Até mesmo usando o teu Admirável Mundo Novo, temos uma sociedade "feliz", "racional" e com acesso à drogas para que a tristeza seja esquecida, e mesmo assim há produção de arte. Tosca, mas há.
    Então... achar uma coisa dessas...
    Pois é.

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  7. Tem que chamar o Brito pra resolver essa bronca.

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  8. "Tem que chamar o Brito pra resolver essa bronca."

    Não é porque o Brito é formado em sociologia que ele sabe de tudo e que a opinião dele é mais certa que a de qualquer um acima. Ele pode ser um especialista, mas não é onisciente.
    É só minha opinião. Se vc discorda, tanto faz.

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  9. Não são socialistas e não ouvem só Fink Ployd, opa, Pink Floyd? Cês tem que tirar aquele banner ali em cima, então :P
    Chamar o Brito pra opinar no nosso debate seria uma bela ideia mesmo. Ao queridíssimo Lucas, meus parabéns pela ótima postagem. Abraço.

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  10. iSaintClaire, foi só um comentário engraçadinho do velikeiro pai, quer dizer, eu acho que foi. A gente demora um tempo mesmo pra entender a ironia desse cara.

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  11. Ah, sim. E adorei o post. Na verdade, adoro seus posts, Lucas.

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  12. Achei o blog, rá.

    A despeito da complexidade do tema em epígrafe, tecerei um breve comentário;

    independetemente dos anseios sócio-artístico-culturais humanos (ou de qualquer debate ideológico a respeito), há, em primeiro plano, um requisito ainda mais essencial que o da "mudança de sistema" (ou qualquer que seja a denominação utilizada para caracterizar a 'superação' ou a 'mudança' de ideologia), qual seja: a necessidade. Nada será sólido se não tido como necessário.
    Tentar implementar uma mudança dissociada da necessidade social gera, a médio-longo prazo, descompasso entre entre essa mesma sociedade e seu sistema, acarretando na corrosão deste. Claro que isto está resumido grossamente, mas enfim...

    Também, em relação ao ócio (e suas consequências), não precisamos ficar relembrando, mas uma das sociedade que mais o valorizou foi, em verdade, uma das mais ricas sócio-artístico-culturalmente (sim, estou falando da sociedade grega e sua penca de filósofos). Dessa forma... enfim... nevermind.

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  13. p.s: interessante, também, seria destacar a presença de Aleister Crowley, aquele careca de feições sinistras no canto superior esquerdo da capa.

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  14. Pode parecer leigo, mas em minha breve passagem por este nobre blog (e nem me perguntem onde eu o descobri), ao qual me deparo sempre quero ter uma visão mais aflorada sobre certos assuntos, concordo com o post e acrescento-lhes que: tudo foi detalhadamente bem pensado. Imagino eu que em um belo dia, nosso dignissímo mestre dos mestres teve a brilhante ideia: "vou zoar um pouco com esses manés e mandar esse cara aqui pra confundir a cabeça de geral". Óh, eu jamais me compararia à vossa perspicácia nesses assuntos, porém, creio eu, que faz parte de um grande plano maléfico pra testar a cabeça dos homens. Hehe, sem sátiras, agora é sério... Eu acho brilhante a forma de pensar que não existiriam os artifícios culturais de hoje em dia a serem explorados caso o comunismo tivesse dado certo. Porque faz realmente todo o sentido, na minha opinião. Se não houvessem tantas insatisfações não haveriam tantas revoluções. Por exemplo, naquele sistema neoliberal, assim que foi implantado, teve seu lado negativo, e positivo também. Insatisfeito com a carga horaria, o homem se juntou e foi atrás de seus direitos trabalhistas, manisfestou-se e blablabla. Deu a oportunidade do homem pensar, minha gente. Se tivessemos adotado o comunismo, e se o seguissemos ao pé da letra, nos acomodaríamos, creio eu. Sim, porque objetivo era atingir uma igualdade entre os membros da sociedade. Logo, gerando assim uma satisfação coletiva. Pelo menos era essa a ideia, não é? E se houvesse essa satisfação, nós seríamos o quê? Satifeitos. E que chatice gente satisfeita, ein? E isso sem aprofundamentos, porque eu ainda acho que o homem é filho da puta demais, e uma hora ia achar um jeito de atrapalhar todo o plano. Ele ia sacar que nem dava pra viver só nessa forma rasa de sistema. Iria existir sim um cara muito foda, capaz de criar coisas fodas, e muito além daquele atual momento. E caso assim acontecesse alguém uma hora ia pensar em inventar uma forma de conseguir benefícios individuais através disso, e ganhando assim uma auto-suficiencia na frente de outras pessoas que nao pensaram tão rápido. E entao logo haveria o questionamento: "peraí, porque aquele cara tem mais do que eu?". Deu pra sacar? Acho que haveria uma forma de explorar os avanços tecnológicos que o homem viesse a pensar de uma maneira ou de outra. Meu Deus, tô viajando demais. Resumindo: Se fosse tudo como o Marxito tinha previsto, não daria certo porque o homem pensa, porque o homem gera uma ambição própria nele mesmo, lá dentro sabe? Por mais gente boa que seja, ele ia olhar pra algum lugar, ia se sentir vazio. E ainda acho mais, ele preencheria seu tempo com o que? Com as artes? Poxa, ele ia é ficar chateado de ver que todo mundo vive em uma pacífica ordem, e uma hora ia se imputecer e de tão puto ia quebrar geral. Ou eles iam bem compor musicas relatando o quão boa era aquela forma serena de vida? Ah, todo mundo se ama, ah, todo mundo é amiguinho. Ô gente, sei que pode parecer superficial mesmo, sei que talvez eu nem tenha tantos conhecimentos assim pra falar sobre o caso, mas até onde eu sei o que dá pra imaginar é isso, sabe? A arte existiria sim, porque nós somos sempre insatisfeitos, nós ficaríamos de saco cheio e se não fosse uma arte revolucionária tal qual as feitas e deliciadas hoje em dia, seria uma arte revolucionária contrária daquele mundo. Entendem o paradoxo? Se fosse socialista, ia ter alguma mentezinha doida afim de dizer: "Porra, eu quero mais, eu quero mais do que vocês", e se tivesse sido assim, hoje, nós não prezaríamos um bem, uma plenitude, e sim uma vontade muito grande de sair do tédio. Existiram as insatisfações e as inspirações para obras geniais, porém totalmente contrarias das que a gente admira hoje em dia. E bem, se eu falei burrice, me perdoem. Sou uma nobre leitora velikeira e que talvez não alcance de tais conhecimentos abordados por vós. Obrigada.

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  15. Toda vez que vejo um comentário extenso por aqui me sinto na obrigação de responder à altura (no quesito tamanho), mas dessa vez não tenho muita coisa a acrescentar diante dessa observação tão completa. Só tenho a concordar, e que me sinto nessa mesma posição: com meu conhecimento atual, posso dizer que o socialismo é uma barca furada.
    O ser humano é assim, se um dia conseguirem mudar, aí não é mais ser humano. Beijo

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  16. Concordo em parte com esse comentário que mais pareceu um post. Acredito, assim como a leitora - agradeceria muito se você se identificasse - numa condição inata ao ser humano de poder. Sabe o Tarzan, pois é. Quem já estudou o mínimo de filosofia saca do que eu tô falando. O cara tava lá no meio da floresta, sem qualquer contato com membros de sua espécie, mas essa ideia inata o fez conquistar o posto de rei da selva. Isso não poderia acontecer no socialismo? Chame como quiser, mas vou usar as palavras da anônima escritora de comentários gigantes: sempre tem um filho da puta pra zoar tudo. Sejam quais forem as implicações ambientais e sociológicas (contexto e educação) vai ter alguém com mais ambição que outro.
    Falando isso, pareço concordar com os dois últimos comentários. Enganam-se. Coloco fé nesse tal de Marx e sonho com uma coisa parecida por ele mostrada.
    Ah, quero agradecer muito aos comentários e parabenizações. Não sabia que tinha tudo isso aqui até meu pai me falar =D
    Fiquem com Deus, o Diabo, Marx, ou quem quer seja. Adeus.

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  17. Lendo o livro de história hoje, percebi uma coisa: enquanto houver Estado, sempre haverá elite. Então, quando os proletas tomassem conta do Estado, não iriamos rumo ao comunismo, e sim cair no mesmo balaio de gatos de sempre.
    Hehe achei interessante isso. Beijica

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  18. Lembro que fiz a mesma pergunta pro papai, num domingo, no carro, que a gente tava indo pra Mosqueiro, em 2005.

    Legal.

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