terça-feira, 28 de junho de 2011
Ano Um
Veliko Valovi é um blog muito gente boa do Mateus Pratagy e seus amiguinhos (Lucas Ferreira, Maíra Ferraz e Lucas Domires)
Woody Allen "O Sonho de Cassandra"
Os filmes do Sr. Allen são esperados ansiosamente todos os anos, e a expectativa nunca é frustrada conforme o renomado diretor e ator (embora não esteja exercendo essa última função com frequencia) usa uma fórmula consagrada: um elenco estelar, histórias do cotidiano entrelaçadas de forma sutil e claro, os diálogos deliciosos. Embora não seja um fã das obras do diretor, gostei muito do que vi e o considero um dos grandes, talvez menos por experiência própria e mais por senso comum, mas saibam que metade das coisas que eu falo seguem essa linha (mentira, só um terço).
Em "O Sonho de Cassandra", o grande Woody Allen sai da sua zona de conforto e cria uma trama intrincada de suspense que não deixa nada a dever aos filmes atuais do gênero, que são tão chatos (falando do circuito comercial, pelo menos). Em linhas gerais, o filme trata-se de um assassinato. Os irmãos Ian e Terry, interpretados por Ewan McGregor e Colin Farrell, respectivamente, têm que matar um homem chamado Martin Burns (Phil Davis) a pedido do seu tio Howard (Tom Wikinson). A ideia do filme, mesmo, é botar em questão o peso de uma morte, e de algumas coisas das quais somos expostos e propostos a fazer na vida.
Os irmãos então ficam num dilema "daqueles": o tio sempre foi o amigão da família e emprestou dinheiro e fez favores para todos, enquanto seus parentes, menos endinheirados, só ficavam nessa posição de sanguessugas. Mas é claro que - parafraseando o filme - "família é família, mas existe um limite". Se eles matam ou não o tal do Martin Burns, só vendo o filme, mas o ponto-chave do filme nem está nisso, e sim no peso de um acontecimento, como um assassinato. Será que, dependendo das circunstâncias, matar alguém (ou fazer algo do mesmo cacife) é aceitável? Vemos no filme que o principal dos fatores é quem vai fazer o que: algumas pessoas podem reagir bem, outras não, mas que fique claro que haverão consequencias, e a vida de ninguém é a mesma depois de algo tão grande.
Woody Allen põe em alta essa questão de forma exemplar, misturando sua sutilidade natural com cenas de suspense e uma trama carregada emocionalmente, graças à, além de tudo, as atuações ótimas dos dois irmãos. Não que o resto do elenco se saia excelente também, mas Ewan McGregor e Colin Farrell dão um show, nos mostrando como uma relação saudável de irmão para irmão consegue se tornar em uma problemática sombria diante de um dilema tão complicado.
Altamente recomendado, embora não tão gente boa quanto os outros filmes do Woody, só diferente (:
Obs.: apesar de termos esfriado totalmente o Veliko Valovi, cuidarei para suprir a demanda de textos que vocês, queridos leitores, estão ávidos para ler. Podem esperar mais uma resenha de filme e um outro post interessante sobre videogames. Beijo
Em "O Sonho de Cassandra", o grande Woody Allen sai da sua zona de conforto e cria uma trama intrincada de suspense que não deixa nada a dever aos filmes atuais do gênero, que são tão chatos (falando do circuito comercial, pelo menos). Em linhas gerais, o filme trata-se de um assassinato. Os irmãos Ian e Terry, interpretados por Ewan McGregor e Colin Farrell, respectivamente, têm que matar um homem chamado Martin Burns (Phil Davis) a pedido do seu tio Howard (Tom Wikinson). A ideia do filme, mesmo, é botar em questão o peso de uma morte, e de algumas coisas das quais somos expostos e propostos a fazer na vida.
Os irmãos então ficam num dilema "daqueles": o tio sempre foi o amigão da família e emprestou dinheiro e fez favores para todos, enquanto seus parentes, menos endinheirados, só ficavam nessa posição de sanguessugas. Mas é claro que - parafraseando o filme - "família é família, mas existe um limite". Se eles matam ou não o tal do Martin Burns, só vendo o filme, mas o ponto-chave do filme nem está nisso, e sim no peso de um acontecimento, como um assassinato. Será que, dependendo das circunstâncias, matar alguém (ou fazer algo do mesmo cacife) é aceitável? Vemos no filme que o principal dos fatores é quem vai fazer o que: algumas pessoas podem reagir bem, outras não, mas que fique claro que haverão consequencias, e a vida de ninguém é a mesma depois de algo tão grande.
Woody Allen põe em alta essa questão de forma exemplar, misturando sua sutilidade natural com cenas de suspense e uma trama carregada emocionalmente, graças à, além de tudo, as atuações ótimas dos dois irmãos. Não que o resto do elenco se saia excelente também, mas Ewan McGregor e Colin Farrell dão um show, nos mostrando como uma relação saudável de irmão para irmão consegue se tornar em uma problemática sombria diante de um dilema tão complicado.
Altamente recomendado, embora não tão gente boa quanto os outros filmes do Woody, só diferente (:
Obs.: apesar de termos esfriado totalmente o Veliko Valovi, cuidarei para suprir a demanda de textos que vocês, queridos leitores, estão ávidos para ler. Podem esperar mais uma resenha de filme e um outro post interessante sobre videogames. Beijo
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Crítica ao comunismo? Não sei.
Saudações fink ploydianas. Resolvi aproveitar o gancho deixado pelo Velikeiro Pai e o ex-veliko Ramiro para fazer esse post. Se você não sabe do que falo, leia os comentários do sincero Uma Conversa No Msn. Já leu? Ah, tanto faz, comecemos com o post em si.
Se engana quem acha que a minha proposta é mostrar algum lado negativo do sistema abordado. O que pretendo fazer é apenas envolvê-los em uma breve reflexão de intervalo entre as aulas que tive. E esse pensamento está mais voltado ao lado artístico, e, claro, é completamente especulativo e subjetivo.
Karl Marx, o barbudo da capa do Sgt. Peppers, nos mostrou um sistema sócio-econômico chamado comunismo que, pelo menos na teoria, é o ideal para a convivência terrestre. Nele todos somos comuns, temos igual acesso aos bens de consumo, plena liberdade de expressão e tudo o que teoricamente nos proporcionaria uma condição de viver felizes. Essa aula muitos de nós já tivemos, e, muito provavelmente, a você foi mostrado o comunismo em sua forma mais gente boa, ou, como eu disse anteriormente, como o sistema ideal para o ser humano. Partindo disso, alguns pensamentos começaram a se misturar em minha cabeça.
A ideia inicial que tive é a seguinte: o capitalismo, desde a sua forma mais primitiva, é impulsionado por inovações tecnológicas, e disso não temos maior exemplo do que os tempos que eu e vocês, meus queridos, vivemos. E justamente por causa dessa guerra tecnológica praticada pelos neoliberais pra que esses consigam cada vez mais competitividade no mercado, várias empresas - em especial a transnacionais e de grande porte - investem massivamente em pesquisas. E por último, essas pesquisas são o que geram as inovações que chegam ao mercado e em nossas casas todos os dias. Em uma sociedade comunista, onde a competitividade não mais seria importante, o mundo ficaria estagnado tecnologicamente?
Bom, a resposta que obtive, que aceitei e que vos mostro partiu da pessoa que deveria administrar o Lasanha Com Farinha, ou Guilherme Carvalho, ou meu pai (só pra dar uma alfinetada no Alexandre). Num mundo comunista, a produção em larga escala seria desnecessária, e, com o controle da mercadoria e dos meios de produção, o trabalhador não seria forçado a trabalhar diariamente por muitas horas. E provavelmente as coisas funcionariam como funcionava com os gregos. Com o tempo "ocioso", o cidadão teria muito mais liberdade para filosofar, produzir conhecimento e arte.
E então, meus caros, a última palavra do parágrafo acima se tornou a motivadora desse humilde post. Na verdade, o real motivo foi somente a ideia de pensar que se o mundo fosse comunista, eu nunca teria conhecido as obras do Pink Floyd, mas ignore isso.
Nessa mesma sociedade comunista, onde todos teríamos plena liberdade de nos expressar, inclusive astisticamente, esse mesmo meio artístico cresceria muito, exatamente como o que aconteceu na Grécia. Técnicas novas para todos os meios de arte manual, novos estilos musicais etecétera etecétera. Mas e quanto aos temas abordados?
A arte é reflexo da compreensão, "filosofia de vida", costumes e cultura de um povo. E agora me arrisco dizer: se a razão e igualdade social forem as bases que sustentam tal sociedade - como viria a ser num regime comunista -, ela teria diversas perdas no meio artístico, pois muitos temas perderiam a importância, validade ou mesmo não existiriam. Por exemplo, obras - que ao menos eu considero sensacionais - como Animals, The Wall e Dark Side Of The Moon do Pink Floyd, Taxi Driver, Fight Club e muitas outras perderiam a validade, afinal, pelo menos em parte, elas almejam uma sociedade que já teria sido alcançada. Tudo bem, essas já foram feitas, mas e as próximas gerações de uma sociedade comunista? Fariam arte sobre o quê sem ter o que almejar?
Está aí a problemática em que nos coloco. Claro, ainda existem inúmeros assuntos a serem expressados, entretanto, outros muitos não seriam. Por exemplo, alguns filósofos e pesquisadores defendem que se o homem se governasse cada vez mais usando a razão, coisas como a religião perderiam força por desafiarem o intelecto por afirmar verdades vindas da fé, sem validade científica (por favor, atentem-se à expressão "sem validade científica", isso não significa que as ignoro ou condeno). E colocando isso na questão da arte em uma suposta sociedade comunista, como ficariam os temas religiosos extremamente explorados desde os primórdios do homem?
Pois é, eu acredito que esses temas seriam quase perdidos e outros deixariam de poder existir. "Ha, então tu estás dizendo que o comunismo seria prejudicial pra sociedade?". Mas nem pensar. Independente dessa confabulação que tive e da extrema importância que dou à arte, ainda - até hoje, pelo menos - vejo (não em sua totalidade, que fique claro) que esse é o sistema mais gente boa que poderia vir a habitar a Terra. Talvez não... quem sabe?
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Uma Conversa no Messenger
Mateus Pratagy diz
nós todos somos capitalistas, caro xande
uns menos outros mais mas no fim estamos todos inseridos no mesmo sistema brasileiro de cidadão padrão
na verdade acho que nem é a questão de ser menos ou mais, é a questão de classe social, mas que se fores pensar cada classe social participa do capitalismo com a mesma intensidade, a diferença é que as altas classes se dão melhor
ou não, visto que tem muita gente prejudicada que vive feliz, que nem a minha funcionária
que na opiniao dela, é super feliz
outro ponto a se destacar é que quanto menor o acesso aos bens do capitalismo
menor é o requisito mínimo de felicidade
algo a se pensar, com certeza
Lucas Ferreira diz
ai, ai.... não vou nem ler o que tu escreveu..
Mateus Pratagy diz
azar o teu
porque dessa vez nao foi besteira
e eu queria saber tua opiniao sobre a minha opiniao, mas como sua disposição quanto a minha opinião está para baixo
não insistirei
Lucas Ferreira diz
... tsc, vou ler -.-
Mateus Pratagy diz
tá
Lucas Ferreira diz
concordo em alguns pontos
mais especificamente no de todos participarem, porque querendo ou não, todos somos merda do mesmo saco de bosta
maaas o papo do requisito mínimo de felicidade, não aacho que seja uma verdade universal
existem muitos casos até, mas isso não assegura a afirmativa que tu fez
Mateus Pratagy diz
sim
também concordo contigo
Lucas Ferreira diz
porque sempre buscam mais capital, por consequência, um maior requisito do que quer que seja a felicidade
Mateus Pratagy diz
todo caso tem suas exceções (esqueci como escreve), mas nesse caso as exceções são varias
mas agora veja bem. se deres vinho bom e peito de galinha pra um carinha lá da favela, vai ser um dos poltos altos do mês
enquanto que peito de galinha tem todo dia aqui em casa, e não é o ponto alto do mês pra mim. eu gosto quanto tem macarronada
Lucas Ferreira diz
ah, saquei...
Mateus Pratagy diz
tu podes dar algumas coisas pra maior parte da população classe media baixa/classe baixa, e eles vao ficar alegres da vida
mas tem muita gente tem que tem tudo isso e quer mais
mas como o carinha pobre nao conhece essas coisas boas da vida, ou se conhece, já sabe que vai morrer sem experimenta-las
deixa por aí mesmo
Lucas Ferreira diz
de fato, quando não se estabelece um padrão muito alto, qualquer coisa que fuja a esse padrão é muito
Mateus Pratagy diz
exatamente
isso é um jeito inteligente de dizer aquela velha historia
"não gosta de sopa? imagine o menino pobre que nao tem nem o que comer!"
Lucas Ferreira diz
é, mas sou contra esse tipo de 'fala'
acho que tu entende por que
Mateus Pratagy diz
eu entendo
e eu também
mas a verdade é que existe prós e contras de pensares "por baixo"
tipo, eu estou sempre tentando pensar por baixo, e ver que a minha vida é muito boa
mas por outro lado é muito ruim
é complicado. existe uma linha que divide o conformismo e a "visão da realidade"
ou melhor, satisfação
é importante estar satisfeito mas nunca conformado, se é que isso existe
Lucas Ferreira diz
o papo poderia ficar melhor, mas tenho que ir...
flw, amiguinho
Mateus Pratagy diz
xau
nós todos somos capitalistas, caro xande
uns menos outros mais mas no fim estamos todos inseridos no mesmo sistema brasileiro de cidadão padrão
na verdade acho que nem é a questão de ser menos ou mais, é a questão de classe social, mas que se fores pensar cada classe social participa do capitalismo com a mesma intensidade, a diferença é que as altas classes se dão melhor
ou não, visto que tem muita gente prejudicada que vive feliz, que nem a minha funcionária
que na opiniao dela, é super feliz
outro ponto a se destacar é que quanto menor o acesso aos bens do capitalismo
menor é o requisito mínimo de felicidade
algo a se pensar, com certeza
Lucas Ferreira diz
ai, ai.... não vou nem ler o que tu escreveu..
Mateus Pratagy diz
azar o teu
porque dessa vez nao foi besteira
e eu queria saber tua opiniao sobre a minha opiniao, mas como sua disposição quanto a minha opinião está para baixo
não insistirei
Lucas Ferreira diz
... tsc, vou ler -.-
Mateus Pratagy diz
tá
Lucas Ferreira diz
concordo em alguns pontos
mais especificamente no de todos participarem, porque querendo ou não, todos somos merda do mesmo saco de bosta
maaas o papo do requisito mínimo de felicidade, não aacho que seja uma verdade universal
existem muitos casos até, mas isso não assegura a afirmativa que tu fez
Mateus Pratagy diz
sim
também concordo contigo
Lucas Ferreira diz
porque sempre buscam mais capital, por consequência, um maior requisito do que quer que seja a felicidade
Mateus Pratagy diz
todo caso tem suas exceções (esqueci como escreve), mas nesse caso as exceções são varias
mas agora veja bem. se deres vinho bom e peito de galinha pra um carinha lá da favela, vai ser um dos poltos altos do mês
enquanto que peito de galinha tem todo dia aqui em casa, e não é o ponto alto do mês pra mim. eu gosto quanto tem macarronada
Lucas Ferreira diz
ah, saquei...
Mateus Pratagy diz
tu podes dar algumas coisas pra maior parte da população classe media baixa/classe baixa, e eles vao ficar alegres da vida
mas tem muita gente tem que tem tudo isso e quer mais
mas como o carinha pobre nao conhece essas coisas boas da vida, ou se conhece, já sabe que vai morrer sem experimenta-las
deixa por aí mesmo
Lucas Ferreira diz
de fato, quando não se estabelece um padrão muito alto, qualquer coisa que fuja a esse padrão é muito
Mateus Pratagy diz
exatamente
isso é um jeito inteligente de dizer aquela velha historia
"não gosta de sopa? imagine o menino pobre que nao tem nem o que comer!"
Lucas Ferreira diz
é, mas sou contra esse tipo de 'fala'
acho que tu entende por que
Mateus Pratagy diz
eu entendo
e eu também
mas a verdade é que existe prós e contras de pensares "por baixo"
tipo, eu estou sempre tentando pensar por baixo, e ver que a minha vida é muito boa
mas por outro lado é muito ruim
é complicado. existe uma linha que divide o conformismo e a "visão da realidade"
ou melhor, satisfação
é importante estar satisfeito mas nunca conformado, se é que isso existe
Lucas Ferreira diz
o papo poderia ficar melhor, mas tenho que ir...
flw, amiguinho
Mateus Pratagy diz
xau
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Quando os Homens se tornaram porcos?
Quando foi que a nossa raça desistiu de tudo por amor ao egoísmo da vida capitalista, sim acho que o socialismo utópico seria o paraíso imediato na terra, mas também acredito que isso tudo é besteira, afinal não vai mais dar certo mesmo... O ser humano o ser mais evoluído do planeta, sério cara que lixo de espécie nós somos, matamos , roubamos e mentimos descaradamente por bel-prazer... Só pode ser por prazer porque se fosse ruim a gente não fazia. Já o pior é que além de saber que meus genitores são pessoas corrompidas, é ter uma conversa com um ser jovem com o mesmo numero de cromossomos e anos de vida que eu e ver que ele acredita que sonhar por um mundo melhor é somente belo... Mais que merda... Da pra entender esses caras que explodem os miolos por perder a fé na humanidade, nem mesmo um cara que se colocou em uma cruz acreditando em uma filosofia de paz e amor, junto com uma rapaziada tão sábia quanto ele e boa com as palavras, conseguiu mudar o mundo... Se o fim um dia tem de chegar é pra gente e não para os outros seres vivos que só fazem seu trabalho em prol de um sistema maior e bom. Hipocrisia pode ter se tornado meu sobrenome agora, mas e dai esse texto vai ser elogiado por alguns, vaiado por outros, mas na realidade é só um ato desesperado (ou não) de mudar poucas pessoas de verdade.
Indico a vocês o filme Natureza Quase Humana ( Human Nature), beijo a todos meus amados humanos ainda não perdi minha fé em vocês(nós)...Só fiquei puto.quarta-feira, 1 de junho de 2011
Tela Verde
Este homem estava sentado – Uma hora ou duas de atraso, talvez – Naquela cadeira de escritório. O ambiente seco, cinza, exalando fumaça e preocupação. Suas mãos e pernas cruzadas, a balançar, a demonstrar o que não deveriam.
- Senhor, é a sua vez – Disse a mulher insinuante que passara despercebida aos olhos daquele homem. Nervoso. Hesitante. “Eu quero voltar” Pensara mil vezes. Não era mais possível.
Entrou na sala seguinte. Apesar de concentrado em sua suposta função ali, ainda obteve tempo para a sua mente esvair-se por segundos em uma bela paisagem onde esteve uma vez – Montevidéu, Berlim, Paris? Não lembrava ao certo, mas seus pés trilhavam caminhos cuidadosos, direito em frente do esquerdo (tradições arraigadas da infância, inesquecíveis e ainda hoje praticáveis) Para, quem sabe, conseguir alguma sorte extra, e disso ele lembrava bem. Da sua forma esperançosa e falha de segurar-se e assegurar-se numa espécie de destino, para justificar seus passos, sendo eles certos ou errados, apenas para, você sabe, aliviar a tensão da culpa de qualquer passo dado acidentalmente em falso. Tentou, pois, imitar seu costumeiro ritual – Pé direito em frente de pé esquerdo, o caminho até a poltrona da sala principal ia se formando e sua mente voltando ao local.
- Então, senhor – Pigarreou o homem de terno preto, gravata em tom pastel personalizada com um logo – Uma nuvem, uma cruz, um espelho, o oceano, desenhos tribais. Aquele logo parecia funcionar mais como uma tela verde, daquelas da qual se projeta a imagem desejada. E o desejo daquele homem atento se materializava naquela gravata – Uma nuvem, uma cruz, um espelho, o oceano... O que seria afinal?
- Vejo que o senhor se distrai facilmente... Já haviam me dito.
- Desculpe senhor. Não mais o farei – “Mente centralizada, por favor.” Falou para si.
- Não sei o que houve de errado da vez passada. Saiba que ainda há tempo de retratar-se. Porém, tenha cuidado. Você consegue as coisas pelo seu mérito.
- Tudo bem, senhor. – Limitava-se a falar o obvio, mas sua mente se transportara para os seus truques de sorte e sua crença no destino. Que mérito era esse? Negava-se, continuava a negar a culpa de passos em falso.
- Não pensa que eu não sei sobre você. Referências são fáceis para mim. Perceber características é fácil para mim, afinal, esse é o meu trabalho.
- Empáfia. - Falou baixinho o homem hesitante. Foi possível para o melhor trajado ouvi-lo. Disse então em indiretas, as sobrancelhas arqueadas:
- Se vens até mim, é porque sabes da minha capacidade. Mas não te entregues à mão da predestinação, rapaz. Essa é uma filosofia um tanto quanto comodista dos homens. Não seja tão Calvinista, é tudo tão obsoleto nessas tentativas falsas de vocês em justificarem-se. – Parou por um momento o discurso e encheu de ar os pulmões. Fitou o humilde homem, assustado com tamanha coerência em suas palavras, e finalizou:
- Outra chance lhe é dada. Aproveita e não descansa teu corpo e tua mente. Vai atrás do que queres e não te escondas atrás destas falsas ideologias, mitos confortáveis. És homem, raça dita racional. Não seja passional, portanto. Afinal, a vida é só uma não é mesmo? – Meio sorriso e ironia tomavam os mínimos timbres de voz daquele homem. Estendeu imediatamente a sua mão direita ao ser rebatido e indefeso que deixara jogado ali à sua frente, com a mente a vagar nesses oceanos de sorte e destino.
Uma ida a um psicólogo praticante da terapia de choque? Entrevista excepcional de emprego? Encontro com Deus? Viagem no tempo? Preparação para uma outra encarnação? Usem a tela verde, amigos.
- Senhor, é a sua vez – Disse a mulher insinuante que passara despercebida aos olhos daquele homem. Nervoso. Hesitante. “Eu quero voltar” Pensara mil vezes. Não era mais possível.
Entrou na sala seguinte. Apesar de concentrado em sua suposta função ali, ainda obteve tempo para a sua mente esvair-se por segundos em uma bela paisagem onde esteve uma vez – Montevidéu, Berlim, Paris? Não lembrava ao certo, mas seus pés trilhavam caminhos cuidadosos, direito em frente do esquerdo (tradições arraigadas da infância, inesquecíveis e ainda hoje praticáveis) Para, quem sabe, conseguir alguma sorte extra, e disso ele lembrava bem. Da sua forma esperançosa e falha de segurar-se e assegurar-se numa espécie de destino, para justificar seus passos, sendo eles certos ou errados, apenas para, você sabe, aliviar a tensão da culpa de qualquer passo dado acidentalmente em falso. Tentou, pois, imitar seu costumeiro ritual – Pé direito em frente de pé esquerdo, o caminho até a poltrona da sala principal ia se formando e sua mente voltando ao local.
- Então, senhor – Pigarreou o homem de terno preto, gravata em tom pastel personalizada com um logo – Uma nuvem, uma cruz, um espelho, o oceano, desenhos tribais. Aquele logo parecia funcionar mais como uma tela verde, daquelas da qual se projeta a imagem desejada. E o desejo daquele homem atento se materializava naquela gravata – Uma nuvem, uma cruz, um espelho, o oceano... O que seria afinal?
- Vejo que o senhor se distrai facilmente... Já haviam me dito.
- Desculpe senhor. Não mais o farei – “Mente centralizada, por favor.” Falou para si.
- Não sei o que houve de errado da vez passada. Saiba que ainda há tempo de retratar-se. Porém, tenha cuidado. Você consegue as coisas pelo seu mérito.
- Tudo bem, senhor. – Limitava-se a falar o obvio, mas sua mente se transportara para os seus truques de sorte e sua crença no destino. Que mérito era esse? Negava-se, continuava a negar a culpa de passos em falso.
- Não pensa que eu não sei sobre você. Referências são fáceis para mim. Perceber características é fácil para mim, afinal, esse é o meu trabalho.
- Empáfia. - Falou baixinho o homem hesitante. Foi possível para o melhor trajado ouvi-lo. Disse então em indiretas, as sobrancelhas arqueadas:
- Se vens até mim, é porque sabes da minha capacidade. Mas não te entregues à mão da predestinação, rapaz. Essa é uma filosofia um tanto quanto comodista dos homens. Não seja tão Calvinista, é tudo tão obsoleto nessas tentativas falsas de vocês em justificarem-se. – Parou por um momento o discurso e encheu de ar os pulmões. Fitou o humilde homem, assustado com tamanha coerência em suas palavras, e finalizou:
- Outra chance lhe é dada. Aproveita e não descansa teu corpo e tua mente. Vai atrás do que queres e não te escondas atrás destas falsas ideologias, mitos confortáveis. És homem, raça dita racional. Não seja passional, portanto. Afinal, a vida é só uma não é mesmo? – Meio sorriso e ironia tomavam os mínimos timbres de voz daquele homem. Estendeu imediatamente a sua mão direita ao ser rebatido e indefeso que deixara jogado ali à sua frente, com a mente a vagar nesses oceanos de sorte e destino.
Uma ida a um psicólogo praticante da terapia de choque? Entrevista excepcional de emprego? Encontro com Deus? Viagem no tempo? Preparação para uma outra encarnação? Usem a tela verde, amigos.
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