Mas você provavelmente já sabia disso ou pelo menos deve ter ouvido algo parecido. Então você ouve o álbum, gosta das músicas, cola um pôster do Lou Reed na parede e... afinal, onde é que está a diferença, o que é que o Velvet tem que os Rolling Stones, os Beatles e o The Who não têm?
O som do Veludo Subterrâneo é especial por vários motivos. Poderia-se dizer que eles são os precursores do punk. Ao longo deste primeiro álbum da banda, as músicas, apesar de algumas serem um pouco longas, a repetição é um fator preponderante. Heroin, por exemplo, tem sete minutos e dois acordes. Lou Reed, John Cale e companhia não se importavam em tocar muito bem, ou tirar um som rebuscado de suas gravações. A qualidade sonora do álbum não é muito boa, chegando inclusive a ser ruim em alguns pontos, como a bateria robótica de “I’m Waiting For The Man” e uma viola maluca que em certos momentos chega a dar dor de cabeça.
Sob a tutela do maluco Andy Warhol, grande (ou não) artista pop dos meados do século XX, os Velvet não se preocupavam em arriscar: em pleno 1967, ano de trips hippies pela Califórnia, a banda abusa de um som psicodélico, que pode soar até gratuito, como muita coisa gravada nessa época. Mas o que seria do rock senão o experimentalismo, a exposição de temas incomuns, não é mesmo? Logo no seu primeiro álbum o grupo trata de chocar o ouvinte acostumado ao bom rock britânico dos anos sessenta, falando sobre drogas, travestis, sexo, tudo isso de um modo como nunca foi dito antes na indústria.
Talvez Velvet Underground & Nico não seja tão impactante hoje, depois de estarmos acostumados a tudo isso. Eu, quando ouvi pelas primeiras vezes, não entendi muito bem o que tinha de especial esse tal “grande álbum, divisor de águas da música pop”. Talvez você nem goste muito – ou você pode virar fã logo de cara, quem sabe. Mas no fim das contas, Velvet é uma banda difícil. É um álbum difícil. E ao mesmo tempo fácil, se você pegar o espírito da coisa.
"Sunday morning / praise the dawning" (8). Luv this song S2...
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