Entre meus amigos rola uma discussão que parece não ter fim, aquela questão polêmica que instiga nossas cabecinhas retardadas: o rock de hoje em dia é tão bom quanto o que era feito antigamente? Com a descoberta da banda Tame Impala o debate ficou mais interessante. Esses australianos se lançaram recentemente no cenário internacional e já se tornaram um fenômeno no meio alternativo, tocando em vários festivais por aí. Depois de ouvir o primeiro álbum deles (por enquanto o único), me assustei. Fazia tempo que algo não me surpreendia tanto, e o som psicodélico deles me agradou muito.
A primeira coisa que chama atenção no rock do Tame Impala é o vocal de Kevin Parker, que se assemelha fortemente com o do beatle John Lennon. E a semelhança com o fab four não pára por aí. A mixagem do disco é toda vintage, com destaque para a bateria, que parece ter sido gravada com um canal apenas. O som da banda é inspirado fortemente na década de 60 e as bandas psicódelicas da época, principalmente os Beatles e mais especificamente dois álbuns deles: Sgt. Peppers e Magical Mistery Tour. O que se percebe é que o grupo faz uma retomada ao passado, acrescentando sua musicalidade a gosto.
Seu estilo já fica bem claro na primeira música, "It's Not Meant To Be", com guitarras viajantes e uma linha de baixo muito bonita. Parker, o homem por trás do álbum (sendo que mais dois músicos gravaram algumas coisas também), usa vários efeitos na sua guitarra para tirar um som lindo, marcante, que permeia por todo o Innerspeaker ao lado do baixo e bateria mais rústicos - mas não menos trabalhados - e um senso melódico afiado. Vale a pena destacar as músicas "Alter Ego", com sua frase de guitarra - ou synth? - linda (viajo muito nessa); "Why Won't You Make Up Your Mind", com um ar meio etéreo e versos grudantes; "Solitude Is Bliss", que tem um clipe muito bacana (jogue no youtube); "Runaway, Houses, City, Clouds", piração de sete minutos, viagem pura e psicodélica do jeito que a gente gosta; dentre outras.
Apesar de a semelhança com o rock sessentista e setentista ser inevitável, após ouvir sua primeira obra, Innerspeaker, eu acredito que o Tame Impala faz algo mais do que simplesmente olhar para trás. A banda acrescenta algo novo no cenário do rock atual, não que seja melhor ou pior do que qualquer coisa. É a prova de que o passado é sim maravilhoso, com bandas maravilhosas e tudo, mas a boa música não se restringe apenas a esta época e ninguém está esperando o Messias chegar para ser o próximo Pink Floyd ou Led Zeppelin da vida. O Tame Impala faz essa sincera e apaixonada homenagem às bandas do passado, mas cria um som pra frentex que vai agradar tanto a galera retrô quanto a galera hipster.
Um agradecimento ao meu primo Lucas Estrela (que vai ficar meio puto de ver isso aqui, mas tudo bem) e um beijo para vocês
O som é interessante!
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