Decepção era a palavra. Tudo o que se constrói em alguns meses pode virar pó em alguns minutos. Os planos para o futuro e os sonhos flutuantes continuaram presos naquela roupa de cama, naquela fronha de travesseiro. Ao abrir os olhos havia só um teto de madeira escura e um ventilador pedindo paz. Cansado de tanto girar. Impossível até mesmo de se lembrar quando fora a última vez que esse ventilador foi ligado. Só faz girar, não diz nada, não sente. Então como pede pra parar? Imagine se algum dia ele parasse de girar e pedisse pra parar, assim, do nada.
Nem microfonia, nem o jornal de hoje. Nada disso explica a capacidade das coisas tomarem vida e pegarem no remo a qualquer instante. Isso parece meio absurdo, de certa forma assustador. Talvez a solução a tomar, à primeira vista, caia naquele velho ditado que fala sobre prevenir e remediar. Mas nem sempre resolve: mesmo que você queira, que tenha tudo e todos ao seu lado (até mesmo uma frase milenar), não dá pra evitar o desencontro, a fatalidade. Porque sempre depois de uma palavra, vem uma vírgula com outra palavra completamente desnecessária. Mas há uma necessidade até mesmo nesse caso.
Qual o sentido de ficar procurando ritmo pra tudo, se o conteúdo é o mesmo? Talvez o certo seja cada um encontrar seu modo de degustar, assim como cada um tem seu ritmo à mesa. Mas o sabor da feijoada continua o mesmo, depois da sobremesa. Até porque depois do doce, a gente esquece o salgado. Talvez seja por isso que botam a sobremesa depois do almoço, e as coisas boas depois das coisas ruins. Não que o almoço seja ruim. Aliás, se você esteve esperto enquanto lia, viu que mais uma vez a desnecessidade apareceu de novo, talvez tenha ajudado alguém. Ou talvez eu não devesse colocar tantos "talvez" nesse texto.
Mas antes de enjoar da minha insegurança, saiba que não estou nem um pouco inseguro, e que fiz um texto simplesmente porque quis. Tudo isso aí é uma baboseira, pode esquecer. Agora vá procurar uma coisa doce pra tirar o gosto.
Acho que é como fosse uma "lei da vida", tipo ação e reação...
ResponderExcluirMas discordo de uma coisa, eu prefiro primeiro a sobremesa. ;P
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFiz um comentário absurdo tentando interpretar teu texto. Acho que vou tirar umas férias das reflexões puras. De qualquer forma, excelente texto. Construístes um estilo que se aproxima do realismo, mas não é tão austero quanto. Parabéns.
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