domingo, 21 de novembro de 2010

Algo diferente dessa vez

Estive pensando no que andei escrevendo esses tempos, mais especificamente sobre resenhas. Resenhas são comentários sobre coisas, coisas que eu não fiz, coisas das quais eu não participo, apenas as experimento passivamente. E se eu arriscasse a fazer algo diferente dessa vez? A comentar algo do qual vivo, do qual participo, e que consequentemente o leitor se espelhasse, turva ou cristalinamente. Correndo em linha reta por esse pensamento, chego a conclusão que devo falar da vida. Bem abrangente, bem desafiador, afinal, o que é a vida?

Se eu soubesse a resposta, lhe garanto que a minha vida ia ser a mais sem graça possível, porque sem graça ela já é. Mas acho essa pergunta um tanto quanto desnecessária, porque em todos os pontos que ela toca, a maioria aponta pra uma resposta pragmática sobre o que é o evento menos pragmático da existência (e da não existência, talvez?). Creio que as inúmeras tentativas de sintetizar em fórmulas o que é a vida e o que você precisa pra ter uma satisfatória são frustradas, assim como as pessoas que acreditam nelas. Dinheiro, amor e saúde? Sexo, drogas e rock'n'roll?

Agora, você, uma pessoa esclarecida, se pergunta do que estou falando, eu, um rapaz de quinze anos que ainda mora com a mãe e nem fez sexo ainda! Do que eu sei sobre a vida? Vida é sobre experiências, e como posso falar de coisas que ainda não experimentei? É, talvez eu não saiba de nada mesmo e daqui a dez anos eu leia essa redação e ria alto. Talvez. Mas talvez daqui a dez anos eu nem exista mais, e se eu não escrever nada sobre o que penso, talvez ninguém nunca vai saber.

Eu, você e nem ninguém vai conseguir sintetizar em ordem verbal nem pictórica (a verbal pode ser pictórica também, como no caso desse texto) o que é viver. Mas todo mundo sabe do que viver se trata. De ter medo, de apegar, desapegar. De rimar em rimas pobres, rimar em rimas ricas. Tudo isso soa muito grudento pra você? Desculpe-me, acho que me empolguei então. Só acho que no fim, ninguém devia sentir culpa do que fez, de voltar no passado e chorar sobre leite derramado. Porque do que se trata a vida senão experimentar tudo de bom e ruim alternadamente ou ao mesmo tempo? Nem sei se existem experiências boas e ruins. Talvez não, talvez sejam só experiências. Experiências que compõe uma vida. E todo mundo tem experiências diferentes, o que não faz de ninguém melhor que ninguém. As pessoas escolhem a vida que querem, mas as experiências não. Algumas sim, outras só são consequências de outras experiências. Por isso o universo é equilibrado, toda ação tem sua reação. Newton é um gênio. Tudo existe por uma razão, e tudo também é uma razão pra outro fato. Religião, arte, ciência. É, é complicado mesmo, e você só irá descobrir quando começar a pensar a respeito. Se você pensa, comente abaixo. Se não, espero que esse texto tenha o instigado. Até a próxima galera!

sábado, 20 de novembro de 2010

Kurt Busiek & Alex Ross “MARVELS”

Existe arte normal, aquela que segue o paradigma vigente. Dentre a arte feita nesse conceito, surgem os clássicos, aqueles que reviram todo o paradigma e o leva ao extremo, mas sem transgredir suas barreiras e limitações típicas de um paradigma. Daí existe a arte vanguardista, a que está à frente de seu tempo, a que rompe com o paradigma, e que se torna um clássico instantâneo. Aquela que ignora os limites do senso comum para atingir um patamar de algo novo, excitante. MARVELS é o tipo de obra que se encaixa na avant-garde. O que já a torna um clássico, já que a Marvel é conhecida por seus maçantes textos de altruísmo super-heroicos sem precedentes.

O brilhante enredo desta história em quadrinhos toma como protagonista Phil Sheldon, um jornalista caolho que vai tirando fotos das "maravilhas" (como ele chama os super-heróis, que, aliás, é a tradução do título da obra) através das décadas, culminando num livro homônimo com a coleção de retratos. Portanto, várias passagens famosas dos quadrinhos (como o Capitão América na Segunda Guerra, a invasão de Galactus a Terra, a morte de Gwen Stacy, etc.) são narradas do ponto de vista de pessoas normais, que olham toda a ação lá de baixo, na rua. Sim, aquela galera que ninguém nunca se importou nas histórias em quadrinhos agora mostra as caras, com direito a opinião e personalidade. E remetendo a MAUS, não há pitadas de épico nem heroico, é cru e real. "Cru e real", isso soa engraçado para quem vê numa prateleira um livro com um homem em chamas andando, um cara prateado voando numa prancha de surfe, um anjo segurando uma menina deformada e um duende diabólico sequestrando uma loira. MARVELS podia ser uma piada sim, se não fosse a genialidade de seus autores.

Primeiro porque Kurt Busiek tempera a ficção com um pouco de realidade o tempo todo. Veja a cena do casamento do Senhor Fantástico com a Mulher Invisível, por exemplo, e procure por quatro rapazes de terno vindos diretos de Liverpool pra marcar presença no evento! Sem comentários. Mais interessante ainda é a passagem do tempo na história. MARVELS é dividida em quatro partes, cada parte se passa em uma época diferente. Na primeira podemos ver um Phil Sheldon novo, com dois olhos, conversando com seus amigos sobre a "guerra na Europa", o sonho americano, elementos que marcaram os EUA na década de 30 e 40. Algumas décadas depois essa mesma nação unida mergulha numa onda de racismo pesada, mas MARVELS deixa de lado o racismo contra os negros e mostra realisticamente o racismo contra a raça mutante. Dois recursos interessantes que o artista Alex Ross usou nesse volume, um referente aos mutantes: quando os heróis principais da Marvel aparecem, como o Capitão América, tudo é colorido e seus uniformes brilham como cavaleiros em armaduras reluzentes. Já nas cenas em que os X-Men dão as caras, a arte assume um tema em vermelho, como se fossem negativos de fotos. Bom, para toda foto há seu negativo, não? Será que os X-Men não seriam os negativos do Capitão América, Gigante, Thor, Homem de Ferro? O outro lado da moeda super-heroica? Heróis que prometeram proteger um povo que os odeia? Genial.

O outro recurso que Alex usa nesse volume são as tomadas debaixo dos super-heróis, talvez a mais icônica seja a do Gigante fotografado de baixo. Uma analogia pictórica à inferioridade dos humanos quanto às maravilhas. Sinceramente, eu poderia ficar muito tempo aqui descrevendo todas as artimanhas utilizadas por Kurt Busiek e Alex Ross na confecção dessa obra, citar inúmeras curiosidades escondidas nos quadrinhos (o LP do "Thick As A Brick" haha), a passagem de anos em New York, e mais, muito mais. Podia falar de como Alex Ross pintou tantas ilustrações lindas e realistas, de como a participação de Phil Sheldon em muitos momentos decisivos da história da Marvel não intervém em nada a história original, como exemplo da insignificância humana diante o mundo dos super-heróis. MARVELS é uma obra tão complexa, tão cheia de detalhes, mas em contrapartida tão sutil e bem desenvolvida que não importa se você não é adepto do Homem-Aranha ou ridiculariza o Homem-Formiga. MARVELS vai lhe agradar porque não é apenas um recorte da foto. É a foto inteira, nua e crua, ali, pra você, que pensou que Marvel era apenas um universo em 3x4.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Bill Watterson,Calvin e Haroldo


Lembra daquelas tirinhas que você via nas provas? Aqueles quadrinhos que você caçava pra se entreter naquelas horas de tédio e agonia? Calvin & Haroldo é muito mais do que apenas uma válvula de escape durante seus testes escolares!
Com uma vasta obra de Bill Watterson, Calvin
e Haroldo se tornaram uns dos mais famosos personagens da arte sequencial de todos os tempos.A fórmula usada por Bill Watterson consiste em meticulosas pitadas de
inocência,ironia e muita imaginação, vinda de Calvin.
O autor conseguiu retratar como funciona a cabeça, a mente, de uma criança, que vive em realidades paralelas ao mundo comum. Além do que nos faz pensar e refletirem nossa vida e nosso dia-a-dia. Uma obra realmente incrível, strick-nike, coisa de primeira.